sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

"Envelope 6"

"Era uma das últimas audições para esclarecer o que aconteceu no caso do "Envelope 9", mas mais não fez do que aumentar a confusão. A inspectora da PJ Rosa Mota foi à comissão parlamentar de inquérito ao "Envelope 9", na noite de quarta-feira, afirmar que a PJ analisou disquetes com a facturação de Paulo Pedroso, não tendo encontrado no suporte qualquer informação adicional. Entenda-se o registo de chamadas de altas individualidades do Estado, que acabou anexo ao processo Casa Pia.
Um depoimento que, à semelhança do que sustentou já Dias André (também inspector da PJ, ouvido na passada semana), parece contrariar as informações dadas à comissão pelo ex-procurador-geral da República. Souto Moura defendeu que as disquetes do "Envelope 9" teriam ficado esquecidas, acabando apensas ao processo Casa Pia sem que tenham sido analisadas.
Rosa Mota avançou uma versão diferente. Antes do "Envelope 9" tinham sido enviadas para a PJ outras disquetes com a listagem de chamadas de Pedroso - que seguiram para a Secção de Tratamento e Análise de Informação (STAIC) da Judiciária. De acordo com a inspectora, foi Dias André quem foi confrontado com o que seria o "Envelope 9", numa altura em que a PJ já tinha os dados de Pedroso: "Dias André foi informado que tinha chegado ao DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) a facturação detalhada do número correspondente ao de Paulo Pedroso. Achou que já tinha isso em análise e ligou para a STAIC a confirmar. Confirmou que já lá estava, ligou para o DIAP e disse que já tínhamos aquela informação."
A inspectora defendeu ainda que o suporte analisado não conteria outros números além do de Pedroso, caso contrário essa informação deveria ter-lhe chegado. Uma tese que levantou dúvidas entre os deputados: "As disquetes entregues ao Ministério Público (MP) levavam pendurada a conta Estado. O que está apenso ao processo são disquetes com a conta Estado. Onde é que a cortina desapareceu para tornar a aparecer?", questionou Fernando Rosas (BE).
A explicação para tanta diferença nos depoimentos poderá estar não no "Envelope 9", mas no "Envelope 6". Como o DN noticiou em Outubro do ano passado, uma primeira disquete com dados de Pedroso chega ao MP a 12 de Maio de 2003 - o suporte é analisado e motiva novo ofício do MP à PT, referindo que a disquete apenas contém dados a partir de 2001 e solicitando a facturação desde 1998. E é este último ofício que desencadeia a recolha de nova informação, inscrita em cinco disquetes e que viria a ficar conhecida como "Envelope 9". O que nunca ficou esclarecido foi se a primeira disquete - a do "Envelope 6" - conteria também dados em excesso da conta Estado.
Na sequência das teses contraditórias apresentadas à comissão, os deputados vão agora pedir à PT que esclareça quantas vezes enviou informação ao MP sobre Pedroso e em que suporte. Em aberto ficou a hipótese de chamar ainda os inspectores responsáveis pela investigação do processo Casa Pia."

in Diário de Notícias


Em suma, uma grande confusão, mostrando como as coisas (não) se resolvem neste canto à beira-mar plantado...

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