quarta-feira, 18 de abril de 2007

Super-procuradora contra a corrupção (2)

"Maria José Morgado quer “preservar” a experiência da equipa do processo ‘Apito Dourado’ e aplicar este modelo no combate à criminalidade grave e organizada e ao crime económico.
“A metodologia adoptada, que resulta da sua composição policial e de magistrados, tem providenciado um especial activismo probatório, com celeridade excepcional”, afirmou ontem a procuradora durante a tomada de posse como coordenadora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.
Explicando que é no domínio da criminalidade organizada e financeira que esta estrutura do Ministério Público “enfrenta os mais extraordinários desafios”, Morgado elogiou publicamente a equipa do ‘Apito Dourado’ e revelou querer adoptar o modelo no DIAP de Lisboa: “Penso que este modelo revela vocação excepcional para resultados rápidos na criminalidade grave e organizada”.
A sucessora de Francisca Van Dunen disse ainda que o departamento deve funcionar a “duas velocidades”, dando tratamento diferenciado a pequena, média e grave criminalidade. No âmbito da criminalidade organizada, Morgado destacou a “perigosidade preocupante” do crime económico e, numa altura em que estão em investigação no DIAP vários processos relacionados com a Câmara Municipal de Lisboa, a magistrada afirmou ser imperativo dar resposta penal aos fenómenos de corrupção e branqueamento de capitais, designadamente à corrupção na gestão urbanística.
Apesar de ser contra o discurso da falta de meios, a procuradora lembrou que o DIAP “não tem sistema informático compatível com nada” e sublinhou: “Um sistema integrado de gestão do inquérito criminal, que incluísse as polícias e o Ministério Público, seria para nós o milagre organizativo desejável.”
Já o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, voltou a elogiar Morgado e admitiu que o DIAP precisa “de meios operacionais”.

PERFIL

Maria José Capelo Rodrigues Morgado nasceu em Angola, em 1951. Licenciou-se em Direito, em Lisboa, e participou nas lutas estudantis, no início dos anos 70, ficando conhecida por ‘Mizé Tung’. Em 1975 rompeu com o MRPP e, tal como o marido, o fiscalista Saldanha Sanches, esteve presa no Forte Militar de Elvas. Em 1979 ingressou na magistratura, optando pela carreira do Ministério Público. Procuradora-geral adjunta, esteve à frente do combate ao crime económico na PJ. (...)"

(Correio da Manhã)

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