Ontem almoçava no sítio do costume quando ouvia os comentários de um jornalista, num daqueles programas matinais onde se fala das vidas dos outros, sobre o julgamento do Cabo Costa.
Analisando os factos e as provas até agora apresentadas no julgamento (ou tornadas públicas), defendeu uma posição e uma decisão num determinado sentido. Comentou as provas e valorizou-as. Como se de um Juíz se tratasse. Foi um autêntico julgamento na tv...
O problema não é uma pessoa comentar um qualquer caso ou julgamento. O problema é quando pessoas com alguma responsabilidade pública, como são os jornalistas, nos quais o cidadão comum deposita confiança e credibilidade, tomam partido num qualquer tema, ou posição num qualquer caso.
Imaginemos que, no fim do julgamento, a sentença é contrária àquela que ele defende. Qual será a reacção do cidadão comum? É porque o jornalista interpretou factos e provas e, literalmente, deduziu alegações num determinado sentido, levando, quase de certeza, a que quem assistisse ao programa concordasse com ele. As reacções críticas à decisão judicial farão, certamente, sentir-se. Como explicar a decisão?
Considero que o jornalista deveria ter sido mais reservado e prudente. Porque não sendo um especialista na matéria, como são os Juízes, não tem competência técnica para fazer o que apenas os especialistas devem fazer. Lamentável este comportamento que em nada ajuda a Justiça e o esclarecimento público.
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