terça-feira, 29 de janeiro de 2008

E voltou a partir a loiça...

"O bastonário da Ordem dos Advogados disse hoje que se «fazem negócios de milhões com o Estado», cujo objecto são bens do património público, «quase sempre com o mesmo restrito conjunto e pessoas e grupos económicos privilegiados».
«Muitas pessoas que actuam em nome do Estado e cuja principal função seria acautelar os interesses públicos acabam mais tarde por trabalhar para as empresas ou grupos que beneficiaram com esses negócios», afirmou António Marinho Pinto no discurso de abertura do Ano Judicial, que decorre no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa.
Na mesma linha das polémicas declarações proferidas sexta-feira e que levaram o Procurador-Geral da República a abrir um inquérito, o bastonário insistiu que «há pessoas que acumularam grandes patrimónios pessoais no exercício de funções públicas ou em simultâneo com actividades privadas, sem que nunca se soubesse a verdadeira origem do enriquecimento». (...)
Voltando à carga, Marinho Pinto refere que «nas empresas que prestam serviços públicos de grande relevância social, como nas comunicações postais, energias e telecomunicações, perdeu-se há muito o sentido de servir o público em benefício de estratégias que privilegiam vantagens para os accionistas».
Num retrato da sociedade portuguesa, o bastonário referiu também que «grande parte do país - pessoas e empresas - trabalha para os bancos que acumulam lucros tão escandalosos quanto os benefícios fiscais de que gozam».
Lembrou que, num «país de extremos» (ricos e pobres), os «titulares de alguns serviços e instituições públicas auferem, em Portugal (que é um dos países mais pobres da União Europeia) remunerações superiores às das suas congéneres de outros países bem mais ricos». (...)
Observou que «não há uma obra pública, seja qual o seu valor, que seja paga, a final, pelo preço que foi adjudicada».
O bastonário considerou que a Assembleia da República »degrada-se com a insuportável teatralização e a falta de autenticidade dos seus debates públicos«. (...)"

(in Diário Digital)


A grande crítica que se tem feito a Marinho Pinto, em blogues e fóruns de discussão, é de que pretende fazer política, enquanto que não compete ao Bastonário da Ordem dos Advogados fazer política.
É verdade, se bem que, como defensor da Justiça e da Democracia, o Bastonário deve intervir, denunciando os defeitos e os problemas da Justiça. E, como se sabe, a corrupção e a impunidade são o grande problema da Justiça portuguesa.
Porém, considero que uma ida à Procuradoria-Geral da República e uma declaração simples, à saída, informando da entrega de um dossier com informação sobre crimes praticados por altas figuras do Estado, teria feito a mesma "mossa" e com a diplomacia que o cargo impõe...

1 comentário:

JFMN disse...

... e com a probidade inerente ao cargo. Pois claro.