terça-feira, 16 de novembro de 2010

Notas breves

1. Como aqui bem assinalado, o Banco de Portugal não se encontra numa posição excepcional face a outros casos análogos, sobretudo os Juízes. É óbvio que o BdP não perde a independência por causa de um corte salarial, corte este que abrange todos os sectores públicos. Aliás, nos últimos anos o BdP tem assumido um papel de subserviência à Banca nacional e aos seus interesses, quase sempre em detrimento dos clientes destes, pelo que não deixa de ser irónico que o BdP venha agora falar em independência...

2. Ao não conceder tolerância de ponto ao serviços municipais durante a cimeira da NATO, António Costa está a decidir de forma diferente do que fez numa situação análoga e bem recente: a visita do Papa. Os double standards são sempre maus, mas este é agravado pelo facto de a Câmara ter gasto rios de dinheiro com a visita papal, quando houve donativos para o efeito e que - pasme-se - ainda não foram sequer contabilizados, conta esta que é paga pelos contribuintes que apertam cada vez mais o cinto. Ou António Costa explica muito bem o porquê de ter tomado decisões diferentes para casos semelhantes, ou não escapará à acusação de estar deliberadamente a favorecer a Igreja Católica, à revelia do princípio da separação entre Estado e Igreja.

3. Sines tem tudo para ser um dos principais portos de entrada de mercadorias na Europa, mas nunca teve a sorte de apanhar um governante minimamente competente para o aproveitar. Há tempos e sobre o TGV, Basílio Horta chamava a atenção para a importância da linha de alta velocidade partir de Sines, ligando o porto à Europa por via ferroviária. Seria uma aposta rentável e altamente importante para o desenvolvimento do país. Sou a favor da alta velocidade, com duas condições: a bitola ser a mesma do resto da Europa (e não a bitola ibérica, que obrigaria a trocar de carruagens em Espanha); e servir para o transporte de mercadorias (partindo de Sines) bem como de passageiros (com estação em Lisboa). Este sim, seria um investimento no TGV acertado e, estou certo, bem sucedido a longo prazo. Os EUA estão a apostar numa rede nacional de alta velocidade, que, a médio/longo prazo, substituirá a aviação civil, dependente do petróleo. Em vez de se discutir um novo aeroporto, que não terá aviões graças ao esgotamento do crude, deveria, sim, discutir-se esta ideia. Mas como não temos ninguém com cabeça para pensar estas coisas...

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