Há dias soube-se que Cavaco Silva estava "integrado" no regime salazarista, o que só espanta os mais distraídos. Nunca gostou de usar cravo na lapela, sempre ficou mal-disposto no 25 de Abril, enquanto Primeiro-Ministro dava ordens para que em todas as manifestações, por muito pacíficas que fossem, as forças de intervenção investissem sobre os manifestantes, demonstrando uma enorme intolerância pela opinião contrária e alergia à liberdade de expressão. Isto para além de ter governado a favor dos amigos, que os biliões de euros em subsídios europeus ajudaram e em prejuízo dos mais carenciados. Não estranha que venha agora, com lágrimas de crocodilos e em vésperas de eleições, falar em pobreza, quando dados oficiais mostram que foi no seu tempo de PM que mais aumentou o número de pobres em Portugal.A sua falta de categoria enquanto político era tão gritante que, um ano depois do seu pupilo Fernando Nogueira ser enxovalhado nas urnas por Guterres, ainda tentou ganhar a Presidência. Os portugueses, ainda revoltados com a sua actuação no Governo, mostraram-lhe um manguito e votaram em Sampaio. Conhecidos os resultados, os microfones das tv's e rádios transmitiam as palavras de portugueses que comemoravam os resultados: "Em quem votou?" atirava o jornalista, "Contra o Cavaco" devolvia o cidadão anónimo.
Volvidos dez anos, Cavaco voltou para nova tentativa de conquistar o poder presidencial e, graças ao alzheimer dos eleitores e à falta de um candidato credível e capaz, conseguiu o que ambicionava. E em apenas um mandato, cometeu mais asneiras que Eanes, Soares e Sampaio juntos em trinta anos, tendo sido o vergonhoso Belémgate justa causa (ou motivo atendivel) para despedimento, ou seja, impeachment. Mas não. Com a preciosa ajuda dos media, que se comportam como se ele fosse uma vaca sagrada, lá foi seguindo em frente, apesar do lucro com as acções da SLN e do escândalo do BPN. Ou a viagem à Capadócia, paga pelos contribuintes, um sonho antigo da sua Maria que aproveitou para lá fazer umas compritas para os netos...
Tivesse sido Sócrates, as notícias e a atitude dos jornalistas teriam sido muito diferentes, mas como foi Cavaco, a sua boa imagem foi preservada e passou incólume aos olhos do cidaddão comum, que não lê jornais, colunas de opinião nem blogues e apenas "engole" o que os noticiários lhes dão de comer. As sondagens aí estão para quem as queira ver. Os números não correspondem às intenções de voto mas apenas à percentagem da população portuguesa que sofre de alzheimer. Aguda.
2 comentários:
Se Cavaco fosse uma peça de louça, acho que seria um daqueles pirosos jarrões que as sogras oferecem ás noras, a emitar um Dinastia Ming, volumoso, dificil de por em qualquer canto – atrás da porta não dá por causa do splash, ao fundo da escada idem – que só dá alivio em casa, quando há mesmo um acidente e origina um suspiro com chorrilho de falsas lamentações.
Bem visto. Mas um jarrão que muita gente acha que é valioso...
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