domingo, 5 de junho de 2011

Notas breves

Conhecidos os resultados, quase definitivos, algumas conclusões podem desde já retirar-se:


1. A larga maioria estava farta de Sócrates. Mais do que uma vitória do PSD, foi uma derrota do PS e do PM em particular. Os números não enganam. Os votos do PSD não foram muito mais do que nos últimos actos eleitorais. Decepcionados com Sócrates, a grande maioria - que votou em Sócrates e hoje não pretendia votar nele - ou absteve-se ou votou em branco ou nulo. Perceberam que Passos Coelho e este PSD não constituiem uma séria e credível alternativa e perceberam que seria (será) uma continuação de Sócrates.


2. O CDS, tal como esperado, sai destas eleições premiado por uma postura séria e uma campanha (mais uma, tal como em 2009) competente. Portas, tal como com Durão Barroso, deverá ser o pêndulo da balança num governo com um comandante inexperiente e sem o mínimo de capacidade, defeitos que fez por mostrar nos últimos meses. Entre 2002 e 2005 foram os Ministros do CDS que acabaram o governo com trabalho positivo, em contraste com os ministros sociais-democratas e, depois deste desastroso segundo governo de Sócrates, não ter a maioria absoluta é a maior prova de que as pessoas não olham para Passos Coelho como alguém capaz de melhorar o país.


3. O Bloco de Esquerda, ao contrário do PCP que tem os votos do costume, perdeu grande parte do seu capital político. A demagogia do comunismo gourmet já não engana quase ninguém. Teve o resultado esperado e merecido.


4. As medidas do próximo governo foram conhecidas nos últimos meses. Muitos acreditam que o PSD, com ou sem CDS no Executivo, fará melhor. Como já aqui escrevi, tinha tantas razões para votar PSD como PS. Nenhum tem, na minha opinião, capacidade para governar bem. E o tempo dirá se tenho ou não razão. Se o PSD avançar com as medidas propostas - algumas delas colocam em causa os sectores públicos da Segurança Social, a Saúde e a Educação - teremos, certamente, um elevado grau de descontentamento. Quem neste momento festeja, acenando com a bandeirola do partido, no Marquês, engolirá um enorme sapo, quando vir os salários não evoluírem (ao contrário do patrão, que ganhará mais e mais), quando esperar mais horas nas Urgência do Hospital (porque não tem dinheiro para ir a um privado), ou quando vir os filhos ter más notas e problemas com colegas (porque não tem dinheiro para o colégio), pensará que foi enganado e que todos os políticos são, afinal, todos iguais. Guardará a bandeirola na arrecadação e dirá mal dos políticos, os mentirosos e ladrões.


5. Até pelo menos 2025 Sócrates servirá como bode expiatório para todos os males do Mundo. Mas, mais cedo ou mais tarde, deixará de servir como cobertura para os erros do próximo governo.

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