terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Os mortos valem mais do que os vivos

"Agora está toda a gente a chorar pelo Eusébio, mas uma equipa de artistas e empreendedores andou anos a querer montar um espectáculo de teatro multimédia para contar a história de Eusébio e não encontrou vontades suficientes para criar as condições para tal. Como diz o Carlos Fragateiro, talvez agora se consiga, porque os portugueses gostam mesmo é de mortos.

Isto diz muito sobre nós, sobre o que somos colectivamente - e sobre a mascarada mediática em que se transformou parte da nossa vida pública. Parece que tendemos a achar lindíssimas as celebrações dos mortos, tanto quanto tendemos a não ligar peva às celebrações dos vivos. Eusébio merecia menos a celebração enquanto era vivo? Que coisa estranha. E que coisa tão bizarra que, em nome da celebração do morto, apareça quem se incomode por se querer falar de quem quis celebrar o vivo sem esperar que ele morresse. Claro, a celebração dos mortos dá sempre mais lucro, ou mais juro, ou lá o que é. Felizmente, Eusébio não era Prémio Nobel da Literatura, causando assim menos engulhos aos que têm óculos especiais (ideológicos) para medir o calibre da celebridade... (...)"

(Porfírio Silva)

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