terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Saddam Hussein

Já foi enforcado o ex-ditador iraquiano (que rapidez!).
Confesso que não estou devidamente informado sobre o julgamento de Saddam para me pronunciar sobre a farsa ou não do seu julgamento, mas a ser verdade o que li (e passo a transcrever) no Abrupto (http://www.abrupto.blogspot.com/), fico com a sensação que o julgamento não veio trazer nada de bom, para além de transmitir uma péssima imagem dos EUA, que pretendem implantar a democracia no país. É este o ideal de democracia de Bush? Depois de Guantanamo e do "não" à adesão ao Tribunal Penal Internacional, mais uma marca negativa na administração Bush.

"• Três advogados de Saddam foram assassinados durante o processo;
• Houve pressões públicas de membros do governo iraquiano, para que o Tribunal produzisse uma rápida condenação;
• O comité de dabaasificação removeu e substituiu, pelo menos, um juiz que se empenhou demasiado em ouvir os arguidos no processo e que, com essa substituição, perdeu o direito de viver na segura zona verde de Bagdad;
• Os arguidos nunca tiveram o direito de conhecer indvidual e especificadamente aquilo de que eram acusados, havendo apenas uma acusação genérica sobre os acontecimentos do processo Dujail?;
• O tribunal não aceitou a junção ao processo de quaisquer provas que pudessem indiciar a inocência dos arguidos;
• As provas da apresentadas pela acusação foram frequentemente ocultadas à defesa e, quando lhe era dado conhecimento das mesmas, não lhe era dado o tempo adequado para preparar o contraditório;
• Houve muitos documentos atribuídos ao governo de Saddam, que fundamentaram a acusação, mas que nunca foram devidamente autenticados, como documentos oficiais do governo de Saddam;
• O julgamento ocorreu no país e na cidade mais inseguros do mundo, sem que às testemunhas de defesa dos arguidos fosse assegurada qualquer protecção.

Podemos nós, os herdeiros da cultura, da civilização e dos valores do ocidente, aceitar a validade deste julgamento? Não, não podemos! Não podemos, de maneira nenhuma, aceitar que Saddam tenha sido julgado da mesma maneira que ele nos teria julgado a nós.


(António Cardoso da Conceição)"

5 comentários:

Ricardo Sardo disse...

Admito que não tenho pena nenhuma de Saddam (que tenha morrido), mas a ser verdade a alegada farsa do seu julgamento, estamos perante um atentado ao Estado de Direito e à Democracia, numa altura em que se pretende a estabilização da damocracia na região.

Ricardo Sardo disse...

Paulo Gorjão no Bloguítica (http://www.bloguitica.blogspot.com/):

"Notável, pela negativa. Saddam Hussein acaba os seus dias transformado num mártir. Um desastre judicial e político."

Ricardo Sardo disse...

Ana Gomes no Causa Nossa (http://www.causa-nossa.blogspot.com/):

"É o que representa a execução de Saddam Hussein. Um passo mais na escalada caótica de regressão civilizacional no Iraque e no mundo, cortesia da Administração Bush e governos coligados.
Saddam foi um dos mais cruéis torcionários do sec. XX. Merecia um julgamento exemplar, processualmente inquestionável. E uma condenação severa, justa. Mas a pena de morte nunca pode ser justa: é uma barbaridade, ao nível das que Saddam cometeu. Cortesia da Administração Bush e governos coligados, sujeitaram-no antes a uma fantochada de justiça e executaram-no.
Saddam merecia viver para cumprir pena pesada e expiar de forma humilhante as incontáveis atrocidades que ordenou contra o seu povo e outros povos. Para que morresse um dia sabendo que ninguém mais no mundo árabe dava o seu nome a um filho. Em vez disso, cortesia da Administração Bush e governos coligados, morreu confortado por se tornar um mártir para muitos sunitas.
Porque não se julgou Saddam numa instância de justiça inquestionável, como poderia ser um tribunal no Iraque, mas obedecendo aos padrões do direito internacional e integrado por juízes, advogados e procuradores estrangeiros (americanos até), ao lado dos iraquianos?
Porque não interessava fazer luz sobre muitos dos mais tenebrosos crimes cometidos pelo regime de Saddam Hussein. Porque muitas potências, com os EUA à cabeça, e muitos governantes estrangeiros (incluindo Donald Rumsfeld) haviam sido cúmplices ou encobridores desses mesmos crimes. Como o extermínio dos habitantes da aldeia curda de Halabja, em 1988."

Ricardo Sardo disse...

"O francês Emmanuel Ludot, advogado de Saddam Hussein, pediu por carta às Nações Unidas que criasse uma comissão para investigar as condições em que se celebrou a execução do ex-líder iraquiano".

Notícia completa em http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=17952

Ricardo Sardo disse...

"Itália contra pena de morte

O anúncio da campanha mundial contra a pena de morte foi feito esta quarta-feira pelo primeiro-ministro italiano. Romano Prodi diz estar chocado com as imagens do enforcamento do antigo ditador iraquiano Saddam Hussein."

in http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/20070103_italiacontrapenademorte.htm