quarta-feira, 30 de junho de 2010

Out of Africa

Tal como esperado, Portugal foi eliminado pela favorita Espanha. Era o destino previsto e indesejado por todos os portugueses, com excepção de um: Carlos Queiroz. E foi com esta decisão que o Professor deu uma lição à Nação: se já conseguiste os mínimos exigidos, para quê tentar ir mais longe?

Era sabido que, tendo perdido com a Suiça no primeiro encontro do seu grupo, a Espanha ou terminaria em primeiro (como acabou por suceder) ou em terceiro, ficando pelo caminho. Isto significa que Portugal tinha todo o interesse em vencer o Brasil para evitar a Espanha. Mas não. Queiroz, o adiantado mental que vê muito mais à frente do que nós todos, simples mortais, jogou para o empate, ficou contente com tal resultado e conseguiu a Espanha. Só mesmo um adiantado mental prefere descansar com o Brasil e perder com a Espanha nos oitavos-de-final do que arriscar com o escrete, jogar com o Chile e ir agora defrontar a Holanda nos quartos-de-final, selecção que vencemos sempre nos últimos anos (qualificação para Mundial 2002, no Euro 2004 e no Mundial 2006). Ou seja, as chances de ficarmos novamente nos 4 primeiros lugares eram boas, mas alguém contentou-se em ficar nos primeiros 16...

Mas este foi apenas um dos últimos erros de Queiroz, um entre muitos. Demasiados para alguém que tem fama de ser bom mas não passa, como os números o mostram, de um treinador mediano e incapaz de comandar devidamente uma selecção ou grande clube. É verdade que venceu dois mundiais de sub-20, mas foi há 20 anos e, desde então, apenas tem feito desgraça por onde tem passado. Selecção portugesa (falhou dois apuramentos, para o Euro 92 e Mundial 94, com Figo, Rui Costa, etc, etc), Sporting (recordam-se dos 6-3 sofridos em casa com o Benfica?), New York Red Bull (EUA), Nagoya Grampus (Japão), selecção dos Emirados Árabes Unidos (miséria), selecção sul-africana (outra miséria, de tal forma que ainda hoje a África do Sul, até então uma das maiores selecções africanas, continua na miséria...), Real Madrid (onde durou míseros 3 meses, com Peseiro como adjunto), Manchester United (enquanto adjunto, com um papel tão importante que, mal saíu, o clube foi campeão inglês e europeu!) e, finalmente, novamente a selecção portuguesa. Os resultados falam por si.

Como sabem, nunca fui admirador de Queiroz, considerei, desde o primeiro minuto, uma péssima escolha para seleccionador e tenho sido um feroz crítico das suas escolhas e da forma como a equipe joga (ou não joga...), sem fio de jogo ou qualquer jogada treinada, onde se note dedo do treinador. Uma nulidade, uma total inaptidão para o cargo, cargo que exige disciplina, liderança e determinação, características que Queiroz, decididamente, nunca teve.
Na qualificação não conseguimos vencer nenhum dos adversários directos, incluindo a Dinamarca, equipe tão boa que foi eliminada pelo Japão! As exibições foram de mau para pior, sofríveis e depressivas. E, no Mundial, em 4 jogos vencemos apenas um e marcámos golos apenas nesse jogo. Os números falam por si...

Muitos erros foram cometidos e estão praticamente todos analisados aqui (recomendo a leitura na íntegra). Erros, contradições, mentiras (estou convencido que o caso Nani será conhecido de todos em breve), múltiplas provas da incapacidade de Queiroz e razões para sair do comando da Selecção. Assim queiram o igualmente inábil e incapaz Madaíl e seus muchachos. Para bem da Selecção e para bem de nós todos, que pagámos quase 2 milhões de euros para umas férias de luxo de uns quantos egos envaidecidos.

domingo, 27 de junho de 2010

Mundial de futebol

Terminada a primeira fase (a de grupos) e conhecidos os primeiros quarto-finalistas, podemos prever uma surpresa na final. Os grandes favoritos encontrar-se-ão até às meias (Brasil com Holanda, Argentina com Alemanha, Espanha ou Portugal com Paraguai), enquanto equipes como Uruguai ou Gana poderão, com alguma sorte, atingir o mais alto patamar do Mundial.
Mas a primeira certeza que temos é que alguns resultados estão viciados. Como exemplos, temos os dois de hoje, dois grandes jogos. No primeiro, a Alemanha bem pode agradecer ao árbitro auxiliar a distracção (provavelmente com as abelhas com cio, conhecidas como vuvuzelas) no lance em que Lampard remate e a bola entra na baliza antes de voltar a sair graças ao efeito que levava. Seria o empate (2-2), o que daria um enorme alento aos ingleses (a perder por 2-0 e chegar ao intervalo empatado moraliza qualquer um e desmoraliza o adversário, por muito frio que seja - veja-se o Portugal - Inglaterra do Euro 2000, em que vencemos por 3-2 após estarmos a perder por 2-0 bem cedo). No segundo, o primeiro golo argentino é escandaloso, tal a enormidade do erro. O México ressentiu-se do erro grosseiro, desmoralizou-se e cometeu um deslize que permitiu o 2-0 à Argentina. E se o primeiro golo tivesse sido invalidade por fora-de-jogo, como deveria ter sido? Teria a Argentina passado? Nunca saberemos.
Claro que poderia aqui voltar a falar dos meios tecnológicos, que ajudam à verdade desportiva no ténis ou no reguebi. Mas como as mais altas instâncias internacionais do futebol não têm interesse na verdade desportiva (é o erro que lhes permite o lucro, pois o erro pode ser vendido por um bom preço), é uma luta entre David e Golias, sendo o Golias um conjunto de burocratas encabeçado por Platini e Blatter.
Por coincidência, a Argentina e a Alemanha são as equipes que mais me têm seduzido. Jogam ao ataque, procuram jogar bonito e dão espectáculo. E, o mais importante, marcam golos. Muitos golos. No lugar oposto, encontra-se o Brasil. Cresci a ver a nossa selecção falhar qualificação após qualificação, acabando sempre por torcer pelo Brasil, quer pela proximidade cultural, quer pela baleza do futebol que praticava, pelo samba que incutiam em cada jogada de ataque. Pois a última coisa que este Brasil faz é encantar. Pratica um futebol cínico, passivo, demasiado agressivo, levando os fans ao desespero. Claro que os resultados é que contam, mas como apreciador de futebol-espectáculo custa-me assistir a um encontro da canarinha.
Deixo para o fim a nossa selecção. Começou mal, sofreu uma revolução com a Coreia e mostrou um carácter e uma personalidade então desconhecidos com o Brasil, num jogo atípico e surpreendentemente agressivo. Continuo a achar que, com outro seleccionador, faríamos melhor, mas, apesar de não gostar de Queiroz e considerá-lo incapaz para o lugar, estou relativamente optimista. Veremos, na terça, se a qualidade dos jogadores que lá estão conseguem superar a inabilidade de quem os comanda.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Eu prefiro o conteúdo

Depois do ataque generalizado ao "Miguel Abrantes" (que ainda dura), agora é o ataque cerrado ao "Valupi". Parece que, para muita gente, os autores dos blogues têm necessariamente, para terem credibilidade e o que escrevem ter valor, assinar com o seu nome verdadeiro.
Antes de mais, não conheço nem o Miguel nem o Val, nem sei sequer se são uma pessoa um um grupo de pessoas, como alguns os acusam de ser. Mas sei que gosto do que escrevem, apesar de discordar muitas das vezes com as suas opiniões. Eu aprecio o que leio e não quem escreve. Mas há muitos que só gostam do que lêm se gostarem, primeiro, de que escreve. Ou seja, se o autor for alguém que apreciam, o texto é bom. Mas se for um anónimo que escreva exactamente o mesmo texto, então já não tem valor o que escrevem.
Eu compreendo que, cada vez mais, vivemos numa sociedade em que vale mais a forma do que a matéria, vale mais o aspecto e a imagem do que o conteúdo. Mas há limites. Se eu gostar de um texto, seja de um anónimo ou de uma conhecida figura, linko o texto e até comento. Se não gostar, posso até criticar em comentário ou refutar em post, como tenho feito. Mas o respeito é (ou deve ser) pelos textos. Pois autores há muitos. Textos bons é que há poucos.

O que verdadeiramente interessa

Já abordei aqui o assunto, com um pouco de ironia à mistura, mas tenho, pelos vistos, de escrever mais umas quantas coisas, pois parecem passar despercebidas a toda a gente:

1. Se Moura Guedes se sentiu insultada (ou difamada) pelo PM, porque não acciona criminalmente o Bastonário da OA? É que, comparadas com as de Sócrates na tal entrevista à RTP, as declarações de Marinho Pinto são muito mais certeiras, ofensivas e directas. Acho eu, que fiquei com a impressão de que MMG só se sente insultada pelo seu inimigo de estimação Sócrates. Ah e já ouvi dizer que casos destes manifestam uma forma doentia de obcessão, mas como não sou entendido nas questões médidas... Aqui fica, modestamente, uma dica ao defensor de Sócrates, se o processo avançar mesmo. Ou se sente ofendida por todas as declarações, ou então trata-se de uma perseguição ad hominem. Mas, claro, já todos sabemos a resposta, não sabemos?

2. Parece que há magistrados que andam distraídos. Ou isso ou esquecidos do que aprenderam na Faculdade e no CEJ. Andou meio Portugal a discutir o artigo 11º do CPP e as escutas a Sócrates e quem era competente para as apreciar e agora e agora esquecem-se que o nº7 desse mesmo artigo diz que é da competência do Supremo (secção criminal) a instrução do processo de difamação em que o PM é arguido.
Depois os senhores Magistrados admiram-se de haver quem os acuse de tomarem decisões políticas e não jurídicas.
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Adenda: entretanto, fiquei a conhecer mais umas coisas sobre o caso. Afinal de contas, os erros são ainda mais grosseiros do que eu pensava. Onde andam o Conselho Superior da Magistratura e o Conselho Superior do Ministério Público?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Onde está a fronteira?

Acho muito bem que Manuela Moura Guedes queira levar Sócrates a julgamento por difamação.
Acho muito bem, porque concordo que apenas os jornalistas, com a própria Moura Guedes à cabeça e a dar o exemplo, podem insinuar, acusar, injuriar, difamar e mentir ou omitir partes da história nas peças noticiosas.
Acho muito bem, porque entendo que a liberdade de expressão tem limites, como expliquei aqui.
Acho muito bem, para entendermos, de uma vez por todas, qual a fronteira entre liberdade de expressão e difamação / injúria, definida pelos nossos tribunais.
Acho muito bem, porque Sócrates é o diabo em pessoa e tem de ser corrido, custe o que custar, sem olhar a meios, mesmo que estes violem a Lei e os princípios éticos e morais que supostamente defendemos.
Simplesmente, acho muito bem.