Terminada a primeira fase (a de grupos) e conhecidos os primeiros quarto-finalistas, podemos prever uma surpresa na final. Os grandes favoritos encontrar-se-ão até às meias (Brasil com Holanda, Argentina com Alemanha, Espanha ou Portugal com Paraguai), enquanto equipes como Uruguai ou Gana poderão, com alguma sorte, atingir o mais alto patamar do Mundial.
Mas a primeira certeza que temos é que alguns resultados estão viciados. Como exemplos, temos os dois de hoje, dois grandes jogos. No primeiro, a Alemanha bem pode agradecer ao árbitro auxiliar a distracção (provavelmente com as abelhas com cio, conhecidas como vuvuzelas) no lance em que Lampard remate e a bola entra na baliza antes de voltar a sair graças ao efeito que levava. Seria o empate (2-2), o que daria um enorme alento aos ingleses (a perder por 2-0 e chegar ao intervalo empatado moraliza qualquer um e desmoraliza o adversário, por muito frio que seja - veja-se o Portugal - Inglaterra do Euro 2000, em que vencemos por 3-2 após estarmos a perder por 2-0 bem cedo). No segundo, o primeiro golo argentino é escandaloso, tal a enormidade do erro. O México ressentiu-se do erro grosseiro, desmoralizou-se e cometeu um deslize que permitiu o 2-0 à Argentina. E se o primeiro golo tivesse sido invalidade por fora-de-jogo, como deveria ter sido? Teria a Argentina passado? Nunca saberemos.
Claro que poderia aqui voltar a falar dos meios tecnológicos, que ajudam à verdade desportiva no ténis ou no reguebi. Mas como as mais altas instâncias internacionais do futebol não têm interesse na verdade desportiva (é o erro que lhes permite o lucro, pois o erro pode ser vendido por um bom preço), é uma luta entre David e Golias, sendo o Golias um conjunto de burocratas encabeçado por Platini e Blatter.
Por coincidência, a Argentina e a Alemanha são as equipes que mais me têm seduzido. Jogam ao ataque, procuram jogar bonito e dão espectáculo. E, o mais importante, marcam golos. Muitos golos. No lugar oposto, encontra-se o Brasil. Cresci a ver a nossa selecção falhar qualificação após qualificação, acabando sempre por torcer pelo Brasil, quer pela proximidade cultural, quer pela baleza do futebol que praticava, pelo samba que incutiam em cada jogada de ataque. Pois a última coisa que este Brasil faz é encantar. Pratica um futebol cínico, passivo, demasiado agressivo, levando os fans ao desespero. Claro que os resultados é que contam, mas como apreciador de futebol-espectáculo custa-me assistir a um encontro da canarinha.
Deixo para o fim a nossa selecção. Começou mal, sofreu uma revolução com a Coreia e mostrou um carácter e uma personalidade então desconhecidos com o Brasil, num jogo atípico e surpreendentemente agressivo. Continuo a achar que, com outro seleccionador, faríamos melhor, mas, apesar de não gostar de Queiroz e considerá-lo incapaz para o lugar, estou relativamente optimista. Veremos, na terça, se a qualidade dos jogadores que lá estão conseguem superar a inabilidade de quem os comanda.
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