quinta-feira, 7 de junho de 2007

Julgamento na tv

Ontem almoçava no sítio do costume quando ouvia os comentários de um jornalista, num daqueles programas matinais onde se fala das vidas dos outros, sobre o julgamento do Cabo Costa.
Analisando os factos e as provas até agora apresentadas no julgamento (ou tornadas públicas), defendeu uma posição e uma decisão num determinado sentido. Comentou as provas e valorizou-as. Como se de um Juíz se tratasse. Foi um autêntico julgamento na tv...

O problema não é uma pessoa comentar um qualquer caso ou julgamento. O problema é quando pessoas com alguma responsabilidade pública, como são os jornalistas, nos quais o cidadão comum deposita confiança e credibilidade, tomam partido num qualquer tema, ou posição num qualquer caso.
Imaginemos que, no fim do julgamento, a sentença é contrária àquela que ele defende. Qual será a reacção do cidadão comum? É porque o jornalista interpretou factos e provas e, literalmente, deduziu alegações num determinado sentido, levando, quase de certeza, a que quem assistisse ao programa concordasse com ele. As reacções críticas à decisão judicial farão, certamente, sentir-se. Como explicar a decisão?

Considero que o jornalista deveria ter sido mais reservado e prudente. Porque não sendo um especialista na matéria, como são os Juízes, não tem competência técnica para fazer o que apenas os especialistas devem fazer. Lamentável este comportamento que em nada ajuda a Justiça e o esclarecimento público.

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