domingo, 28 de dezembro de 2008

Marinho Pinto e a Banca

O bastonário da Ordem dos Advogados (OA) defendeu hoje que a questão do BPN, do BCP e do BPP deve ser objecto de «discussão pública» sobre os «privilégios dos bancos na sociedade portuguesa» e que o poder político deve ser confrontado com a situação.
«Pelos vistos, nenhum banco pode ir à falência porque o Estado vem salvá- lo«, disse António Marinho Pinto, em entrevista à Agência Lusa, observando que, por outro lado, é preciso «ver o que se passa no submundo das instituições financeiras em Portugal», como «são usadas, que fins é que servem».
O bastonário, que completa um ano de mandato, criticou as «off-shores» e o «endeusamento do segredo bancário» que, em muitos casos, servem como «instrumentos para cometer crimes« e considerou que a situação em redor dos bancos deve levar o país a reflectir sobre o assunto e o poder político a prestar esclarecimentos.
«Estão-se a descobrir podres que eram inimagináveis há meia dúzia de meses. E não é por efeito da crise. É por efeito da lógica do próprio sistema. Parece que o sistema financeiro só funciona com um pé do lado de lá da legalidade», disse. (...)
Questionado se em Portugal há uma Justiça para os ricos e outra para os pobres, o bastonário contrapôs que basta visitar as cadeias para constatar que «97 por cento são pessoas pobres».
«Uma senhora que furtou um pó de arroz num supermecado foi detida e julgada. Furtar ou desviar centenas de milhões de euros de um banco ainda se vai ver se é crime», disse Marinho Pinto. (...)

(Diário Digital)


É curiso o Dr. Marinho Pinto vir, de forma demagógica, acusar o sistema judicial de facilmente condenar "uma senhora que furtou um pó de arroz" e dificilmente condenar quem desvia ou furta centenas de milhões de euros, quando sabe perfeitamente que qualquer crime carece de prova e os crimes económicos, os chamados de "colarinho branco" são os crimes mais difíceis de provar quando se leva meses a conseguir o rasto do dinheiro, quando leva apenas poucos minutos a movimentá-lo. Porque no primeiro caso poderia, por exemplo, ter confessado e haver testemunhas ou ter sido apannhada em flagrante (o mais provável) e no segundo existirem dificuldades em obter provas suficientes para haver uma condenação.
Imperdoável para quem representa os advogados e deve defender a Justiça.

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