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Dois procuradores, Vítor Magalhães e Paes de Faria, que trabalham no mais sensível departamento do Ministério Público (DCIAP), ambos com mais de dez anos de carreira, sentiram-se pressionados com uma conversa ao almoço? E será que só estavam os três nessa conversa? Foram os procuradores que se queixaram ao sindicato ou à mesa de que estava mais alguém que, à boa maneira dos juristas, fez interpretações do que foi dito e colocou logo a correr a história das pressões?
São perguntas fundamentais, às quais a Procuradoria tem de dar resposta. Porque só assim se percebe todos os contornos. Pressionar um procurador para conduzir uma investigação num determinado sentido é um assunto demasiado grave para ficarem dúvidas. Sob pena de um total descrédito. (...)"
(Carlos Rodrigues Lima)Como também questiona O Jumento, a quem aproveita o arquivamento do "caso Freeport"? Esta é, como dizem os norte-americanos, a "million dollar question".
É que por detrás de um crime está sempre um motivo, mesmo que fútil. E se existem pressões para o arquivamento, de certeza que existe um motivo para arquivá-lo.
Ora como já alguns defenderam, não faz sentido que seja o próprio Primeiro-Ministro, o principal prejudicado nisto tudo e, consequentemente, o principal interessado em que o processo conclua que nada teve a ver com os eventuais crimes praticados, a pressionar os magistrados titulares do processo.
Há, eventualmente, a hipótese de ser alguém próximo e que, pensando estar a ajudar o amigo (Sócrates), pressionou. Por isso, convém apurar quem pressionou, se pressionou mesmo. (Levantar uma hipótese jurídica não é pressão; se eu, num julgamento, levantar a hipótese da prescrição do crime, mesmo sendo defensor do arguido, estou a pressionar o Tribunal e os Juízes?)
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