terça-feira, 27 de abril de 2010

Rating

Uma das notícias do dia foi o corte do rating de Portugal, pela Standard & Poors. Isto significa que o país terá que pagar mais juros pela dívida pública, mas também que os particulares e as empresas sofrerão do mesmo problema.
Mas há uma questão, já aflorada por alguns mas não devidamente explicada. Até que ponto é que estas cotações influenciam a economia e as finanças de um determinado país?
Uma empresa que avalie um país com nota positiva ou nota negativa, está a influenciar directamente a economia e as finanças desse país. Em primeiro lugar, não consigo compreender como é que os mercados continuam a confiar em empresas que falharam redondamente poucos meses antes da crise mundial. Em segundo, não consigo compreender como é que são empresas que avaliam os países em vez de organizações independentes e reconhecidas internacionalmente (FMI, Banco Mundial, OCDE, etc).
Mas a questão que mais me intriga é o nível de influência destas avaliações. Imaginemos, para efeitos de comparação e melhor compreensão, que a empresa A necessita de um empréstimo de, por exemplo, 100 euros, para sobreviver e manter a actividade. Uma empresa de rating avalia a empresa com nota negativa e os bancos, por causa desta avaliação, não emprestam os necessários 100 euros. A empresa fecha as portas e abre falência, com todas as consequências óbvias (perda de empregos, etc). A pergunta que se impõe é esta: se a avaliação não tivesse sido negativa, os bancos teriam emprestado o dinheiro e, consequentemente, a empresa mentido a actividade e recuperado financeiramente?
É que a avaliação negativa leva a um prejuízo directo e real do país visado, aumentando os juros sobre a dívida. Este aumento de juros prejudica a economia e as finanças de qualquer país, dificultando, ainda mais, a recuperação económica e as chances de estabilidade dentro dos prazos previstos (2013).
Seja justa ou não a credibilidade que as empresas de rating merecem dos mercados e das instituições financeiras, a verdade é que têm a capacidade de influenciar directamente a economia e as finanças dos países e têm nas suas mãos a possibilidade de os levar à falência ou à supremacia económica sobre os outros países, abrindo as portas à especulação, à manipulação e aos jogos de poder, sem o controlo e a supervisão necessários. E é sobre isto que deveríamos reflectir...

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