Sobre a ideia/proposta de cortar nos salários, escreveu ontem no Correio da Manhã Domingos Amaral:
"(...) Quando ouço essas luminárias a propor semelhante remédio para a nossa doença, desconfio logo de que se trata, certamente, de pessoas bem pagas. Se eu ganhar 20 ou 30 mil euros, descer os salários em 2 ou 3 mil euritos não vai mudar muito a minha vida. Contudo, se eu ganhar mil euros, ou seiscentos, perder 20 por cento do meu salário é capaz de já me fazer muita diferençam não é verdade?
Mas, esqueçamos por uns segundos os rendimentos das luminárias e examinemos o que cada um de nós faria com menos 20 por cento do salário. A maioria dos portugueses, além de vir para a rua furioso em manifestações, só tinha uma coisa a fazer: cortava nas suas despesas. Fazia menos compras nos supermercados, em gasolina, em despesas domésticas e familiares, etc, etc. Ou seja, o efeito combinado de milhões de portugueses a baixarem as suas despesas provocava uma tremenda recessão no consumo. E, como se tratava de uma medida permanente, na verdade descíamos todos para um patamar abaixo, para sempre. Para agravar ainda mais o cenário, convém lembrar que as nossas dívidas não baixavam 20 por cento e teríamos de continuar a pagá-las, desse por onde desse. (...)"
As contas são simples de se fazer, como Domingos Amaral o demonstrou. O problema é que algumas cabeças ocas ("luminárias") não querem perceber isso. Ou, pior, percebem mas querem lixar-nos. E são estas mesmas pessoas que já nos lixaram no passado, enquanto governantes, e nos lixaram com métodos de gestão nas empresas que administram provocando a actual crise económica mundial.
Sem comentários:
Enviar um comentário