terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Verdade

Quer enquanto cidadão, quer enquanto jurista, lutarei sempre pela verdade. E custa-me ver outros cidadãos, por vezes tão preocupados com a busca pela verdade, fugirem a sete pés dela quando mais é exigida pela moral e pela ética. Todos os dias dou uma olhada nas notícias online e ouço uma ou outra peça jornalística e vejo que, cada vez mais, os nossos jornalistas tomam partido, são parciais e ignoram as mais elementares regras, do jornalismo e de respeito e civismo.
Olho, por exemplo, para o tratamento que dão aos casos que envolvam o Primeiro-Ministro e os que envolvam o Presidente da República e verifico que, salvas raras excepções que se contam pelos dedos de uma mão, o tratamento é diferenciado e totalmente contrário. Enquanto no caso do primeiro, tudo exploram, investigam, pesquisam e especulam, no segundo adoptam o comportamento inverso. Nada investigam, pesquisam e até parece que têm medo de questionar, falar ou escrever, confrontar, enfim fazerem o trabalho para o qual são pagos: fazer jornalismo. Enquanto cidadão, tenho o direito à Verdade. Não à Verdade de que alguns políticos falam, mas à Verdade dos factos. E gostaria, enquanto cidadão que paga impostos (que servem, por exemplo, para pagar o ordenado e as reformas do Sr. Presidente), de saber o seguinte:

1. Como é que o actual Presidente da República adquiriu acções da SLN, através de quem e através de que procedimentos, sabendo-se que não estavam disponíveis para os cidadãos em geral?

2. Como é que o actual Presidente da República vendeu acções da SLN, a quem e através de que procedimentos, sabendo-se que assinou uma carta a dar ordem de venda e que o lucro foi de 140%?

3. Como é que o actual Presidente da República explica este lucro, sabendo-se que, até ao momento, fugiu sempre a todas as questões e mais alguma, nada tendo explicado devidamente e nada tendo esclarecido sobre o procedimento de compra e posterior venda das acções?

Estas são as perguntas a que gostaria que me respondessem. Se do próprio não espero nada, pois tenta a todo o custo fugir-lhes como o Diabo da Cruz, esperava mais - muito mais - dos nossos jornalistas, sempre tão zelosos com o PM mas tão negligentes com o PR. Já aqui questionei e volto a fazê-lo: será medo? Será respeitinho (eu bem sei que, enquanto PM, ninguém podia manifestar-se ou expressar-se livremente, pois todas as manif's acabavam com carga policial ou que, antes do 25 de Abril, estava integrado no regime) ou será apenas parcialidade? É que se, no primeiro caso bem podem estrabuchar com as alegadas tentativas do PM de calar os media pois não terão legitimidade moral, no segundo bem podem alistar-se nos partidos políticos que mais agradam. Aliás, como já fizeram antigos profissionais do jornalismo...
Enquanto não houver um jornalista que faça o seu trabalho com competência, não voltarei a falar neste assunto. Tenho lutado ao lado de uma minoria contra uma maioria que prefere o silêncio por estar na moda malhar no PM, esquecendo-se que, por conveniência, estão a destruir um dos mais importantes pilares de qualquer Democracia: o direito à informação. Penso que já aqui escrevi tudo o que penso sobre este assunto e não irei perder mais do meu escasso tempo com um tema de que a maioria dos portugueses prefere não falar, portugueses esses que bem merecem o País que têm.

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