Há muito que defendo que, tendo de aumentar impostos, um governo deve privilegiar os directos, em concreto os que incidem sobre o rendimento. Em primeiro lugar, porque é menos injusto, pois quem aufere mais paga mais (e quem ganha menos, paga menos). A proporcionalidade acaba por amortecer a injustiça da medida. Em segundo lugar, porque afecta menos o consumo que o aumento dos impostos indirectos, em particular o IVA. Aumentando os preços dos produtos e serviços, cai o poder de compra e o consumo, que constitui o motor de qualquer economia, cai também.
Por isto, critiquei a decisão do actual governo em aumentar o IVA para 23%, em vez de aumentar os impostos sobre os rendimentos, nomeadamente o IRS. E é por isso que critico, agora, a proposta de Passos Coelho, conhecida hoje. E esta proposta apresenta dois problemas. O primeiro, é que mostra como Passos Coelho não está preparado para governar. Como o próprio afirmou ainda o ano passado, é um erro aumentar o IVA em vez dos impostos sobre o rendimento. O segundo é que ficamos com a sensação de que, se com o actual governo, estamos de calças na mão, com um governo Passos Coelho arriscamos a ficar totalmente nus. Em poucos meses contradiz-se em relação a várias matérias importantes para o país. A inexperiência e a incompetência pagam-se caro. E nós pagaremos em breve.
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