Ao ler que Fernando Nobre será o candidato pelo PSD a Presidente da AR (encabeçando a lista do partido por Lisboa), pensaria, numa situação normal, que o convite tinha sido brilhante do ponto de vista político e táctico. Chamar alguém da "sociedade civil", com renome e simpatia dos portugueses, para "limpar" a política dos profissionais, seria um golpe de génio. Muitos eleitores do "centro" ficariam tentados a votar PSD. Mas acontece que não estamos perante uma situação normal, que se repete em todas as eleições. Nobre, até há bem pouco tempo, jurava a pés juntos que nunca se candidataria a cargos de nomeação partidária. Mas agora candidata-se. E também já tinha confessado uma quase total sintonia com as ideias do Bloco de Esquerda. Mas agora candidata-se pelo PSD, que defende publicamente ideias contrários ao Bloco. Há dois meses, candidatou-se a Presidente, fazendo uma campanha contra Cavaco, mas agora aceita integrar as listas do partido que apoiou Cavaco.
Enfim, sinceramente não sei se estamos perante uma mudança de mentalidade (como sucedeu com Durão Barroso, Pacheco Pereira, Zita Seabra, Pina Moura e tantos outros que eram da Esquerda e "viraram" à Direita), se perante uma fraude (a candidatura presidencial tinha como objectivo travar Alegre ou alegava ser supra-partidário, quando não é, para ganhar mais votos) ou se se trata apenas de uma enorme contradição. Da minha parte e dando o benefício da dúvida, admito que seja "apenas" uma norme contradição. E de contradições e falsas palavras já estou farto há muito.
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