
Após uma História brilhante, quer no plano nacional quer no internacional, surgiu um período de decadência. Entre um sistema mafioso e corrupto que minou as bases do futebol português e uma sucessão de erros próprios - dos que levam tempo a corrigir - como Damásio e Vale e Azevedo com as suas contratações suicidas, o Benfica foi-se abaixo e até os títulos nacionais passaram a ser pontuais. Mas com Luís Filipe Vieira (após a mudança com Vilarinho) as coisas mudaram. Em poucos anos, o Benfica voltou, no plano desportivo, à ribalta europeia e voltou a ganhar troféus. E não foi apenas no futebol. Basta atentar nas restantes modalidades para constatarmos que muita coisa mudou e para melhor. Muito melhor. E com Jorge Jesus voltámos a ter um Benfica competitivo, ganhador e mais perto do brilhante passado encarnado. E deixar Jesus sair, nesta altura, seria mais um erro, um dos que levam muito tempo a corrigir.
Após uma época fantástica, com títulos (campeonato e Taça da Liga) e um jogo bonito, a actual temporada prometia muito, sobretudo no plano europeu. Mas uma sucessão de erros - próprios e alheios (arbitragens) - impediu que se repetise este ano o brilhantismo do ano passado. Jesus reconheceu ainda há dias que vários erros foram cometidos logo no início da presente temporada e acredito sinceramente que saiba bem quais foram e que os irá corrigir, se é que já não corrigiu alguns...
Acima de tudo é preciso fortalecer a mentalidade do grupo e a capacidade emotiva para reagir a várias situações, desde a vitória à derrota. Este parece-me ser, neste momento, o principal defeito da equipe. No jogo de Braga, mais do que o cansaço físico ou a desinspiração, o factor mental teve um enorme peso. Pode o Benfica queixar-se da falta de sorte - que a teve - ou do estilo ultra defensivo do adversário - que irrita, ao estilo das equipes italianas (o chamado catenaccio) - mas a verdade é que a motivação e a vontade esteve apenas de um lado. Tirando Fábio Coentrão, que, ao longo da época, foi quem mais contrariou o destino do Benfica nesta temporada, toda a equipe falhou no aspecto emotivo.
Há erros e erros. Uns corrigem-se facilmente, outros não tanto. E deitar por terra tudo o que foi construído nos últimos anos, com enorme sucesso, seria mais uma acto suicida e altamente penalizador das aspirações benfiquistas. Apesar de este ano ter jogado pior (apesar da fabulosa sequência de vitórias seguidas, com exibições ao nível das da época passado) e ter sido mais inconsistente, o Benfica acaba por revalidar um título (Taça da Liga), foi mais longe na Taça de Portugal (meias-finais) e foi mais longe também na Liga Europa, chegando também à meia-final, algo que já não sucedia desde 1994. Há 17 anos portanto. E no campeonato, entre erros próprios e arbitragens criminosas, rapidamente perderam terreno para um Porto que, embalado por ajudas preciosas e escandalosas, surgiu este ano muito mais forte e com mais qualidade.
É altura, pois, de analisar cuidadamente o que tem de ser corrigido e agir em conformidade. Sem pressões e sem precipitações. E com cabeça fria. Os abutres já começaram a aparecer, sendo quase todos os eles os do costume. Por isso, é preciso calma e paciência. E força mental para ultrapassar tudo isto. A época foi menos boa que a anterior, mas não foi má. Basta olhar para o passado, sobretudo os últimos vinte anos, e rapidamente teremos de concluir que estamos muito melhor.
Uma última nota para algo inédito: duas equipes portuguesas numa final europeia. Tanto me faz que vença o Porto ou Braga. Claro que vai vencer o primeiro, pois as filiais nunca batem o pé às sedes, mas não deixa de ser positivo que estejam duas portuguesas. Apesar do que representam e do que praticam e defendem dentro e fora de campo, não deixa de ser positivo.
2 comentários:
O VAzevedo era um vigarista que os socios elegeram, apesar de terem sido alertados
Sem dúvida. O maior erro, do meu tempo, cometido pelo Benfica. De longe o maior.
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