segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tudo

Passos Coelho tem tudo para ser bem sucedido. Tem, desde logo, uma maioria absoluta. É verdade que não é apenas do seu partido, mas o entendimento com o CDS é histórico e a proximidade ideológica não tem paralelo em mais nenhum partido nacional. E o primeiro encontro entre os eternos namorados foi ontem consumado, com o primeiro beijo dado por Passos Coelho, quando anunciou a coligação no seu discurso de vitória. Tem, também, uma população desejosa de mudança, nem que seja para pior. O que a larga maioria queria era ver Sócrates corrido, nem que venha outro igualmente incompetente e desonesto. Aquele é que já não podia continuar mais tempo no poleiro. A opinião pública é, pois, favorável. E tem, finalmente e não menos importante, a esmagadora maioria da comunicação social a seu favor, controlada por grupos económicos amigos e com redacções lideradas por adeptos do partido, alguns deles fanáticos. Nos últimos anos levaram a público uma campanha nunca antes visto (nem com Santana Lopes) contra uma só pessoa e, nos últimos meses, levaram Passos Coelho ao colo, com o DN (onde trabalha gente séria) a fazer a maior força. PPC tem, portanto, tudo para ser bem sucedido.


Mas também tem tudo para ser mal sucedido. A coligação pode, de um momento para o outro, desfazer-se. Já sucedeu no passado e mais do que uma vez. Mesmo os namorados mais apaixonados e comprometidos têm arrufos. A população, que ontem até lhe deu o benefício da dúvida, cedo perceberá que Passos Coelho é outro Sócrates. A impreparação e falta de capacidade e experiência, que na campanha foi óbvia, será ainda mais clara aos olhos dos portugueses quando PPC fizer escolhas e tomar medidas. PPC e os seus elementos do Governo, que será preenchido com boys como Marco António Costa, Miguel Relvas ou, eventualmente, Catroga, todos eles sem as qualidades necessárias para serem governantes. Os erros e as medidas impopulares, bem como os pentelhos, deitarão por terra qualquer credibilidade que Passos possa ter neste momento. E, claro, a comunicação social, que já destruíu políticos e gente inocente com notícias falsas e manipuladas ao longo dos anos, que deram cabo de Santana e de Sócrates, podem muito bem fartar-se de Passos Coelho enquanto o diabo esfrega o olho. Fartaram-se de outros e fartar-se-ão de mais. O colinho acabará e, depois, como será?

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