quinta-feira, 22 de março de 2012

Ataque à Justiça

Como escrevi no texto anterior, esta atitude so sindicato dos juízes legitima a acusação de estarem a fazer chicana política. Montesquieu defendeu a separação de poderes, António Martins defende a mistura dos poderes judicial e político. Aos Juízes compete aplicar a Lei e fazer Justiça, não levar a cabo vendettas políticas, motivadas por ódios pessoais. Ao tomar esta posição, o sindicato não está apenas a descredibilizar ainda mais a Justiça aos olhos dos cidadãos. Está, igualmente, a descredibilizar todos os processos que envolvam o anterior Primeiro-Ministro, anteriores governantes ou políticos ligados ao partido do anterior governo. Que credibilidade terão as decisões judiciais desses processos, quando quem decide tomou esta atitude? Como esperam os juízes que os cidadãos aceitem as suas decisões como correctas e justas, quando mostram uma clara parcialidade? Como esperam que as pessoas confiem que decidam com base apenas na prova, quando em público destilam ódio pessoal e político? Será que o juíz político e os restantes sindicalistas não percebem que com isto apenas estão a destruir a réstia de credibililade que a Justiça tem na opinião pública? Será que não tem acompanhado as sondagens que dão os magistrados - judiciais e do Ministério Público - com "notas" mais negativas que os próprios políticos? Será que não percebe que está, involuntariamente, a desferir um ataque à própria Justiça?

4 comentários:

Graza disse...

Estamos a viver uma época estranha, até nestas inusitadas questões: (…) “Como esperam que as pessoas confiem que decidam com base apenas na prova, quando em público destilam ódio pessoal e político? Será que o juiz político e os restantes sindicalistas não percebem que com isto apenas estão a destruir a réstia de credibilidade que a Justiça tem na opinião pública?” Fico pasmado com o à vontade com que estas coisas acontecem e com a forma como as noticias se dão. Mete medo uma Justiça assim. Tenho esperança que um dia, olhando para trás, possamos achar estranho, como achamos os fatos naquelas fotografias amarelas dos nossos avós, como foi possível que as coisas se tivessem passado assim um dia. E é que estas aventesmas, olhando bem para eles quando falam, vê-se que estão convictos do seu comportamento.
Consolação: quanto mais continuarem assim no desempenho da Justiça, maior será o fosso que os separa da sociedade civil. Isso facilitará a tarefa. Um dia destes… Acredito.

Saudações Ricardo.

Ricardo Sardo disse...

Também me mete medo o enorme à vontade com que fazem isto.
Aproveito para acrescentar mais duas notas: este comportamento demagógico, para além do que escrevi no post, legitima ainda todas as acusações de colagem deste sindicalismo à actual maioria governamental (PSD/CDS) e de colaborar (senão mesmo intervir activamente) nas selectivas violações do segredo de justiça, provenientes de alguns bloggers (e penso que não será necessário referir quais são). Repito: nada mais letal para a Justiça do que este péssimo serviço prestado por uma corporação radical.
Abraço.

Graza disse...

O problema é que alguma Esquerda bata palmas, esquecendo que o código genético dos Tribunais Plenários ficou camuflado na nossa democracia, pela revolução coxa que fizemos,

Ricardo Sardo disse...

Nem mais.