quinta-feira, 15 de março de 2007

Confissão

"Khalid Sheikh Mohammed, o alegado cérebro dos atentados do 11 de Setembro, terá reconhecido a sua responsabilidade nestes e noutros ataques da al-Qaeda, segundo a transcrição de uma declaração feita na base norte-americana de Guantánamo, em Cuba, e tornada pública pelo Pentágono ao final do dia de ontem.
'Fui responsável pela operação do 11 de Setembro de A a Z', terá afirmado Mohammed, citado por um funcionário norte-americano que o representou numa audiência destinada a determinar se pode ser considerado como "combatente inimigo".
Este membro da al-Qaeda foi detido no Paquistão em Março de 2003 e transferido para Guantánamo no ano passado.
Mohammed, de origem paquistanesa, também terá confessado ter sido o responsável pelo atentado com um veículo armadilhado contra o Word Trade Center em 1993; pelos atentados de Bali em 2002, que fizeram 202 mortos; e pelas tentativas de ataques contra aviões norte-americanos com bombas colocadas em sapatos. (...)
No total, Khalid Sheikh Mohammed terá admitido a sua responsabilidade em 31 operações da al-Qaeda, entre elas as tentativas de assassinato dos ex-presidentes dos EUA Bill Clinton e Jimmy Carter e do falecido Papa João Paulo II.
Também terá reconhecido que, após o 11 de Setembro, preparou uma nova vaga de atentados contra a Library Tower de Los Angeles, a Torre Sears de Chicago e o Empire State Building de Nova Iorque, entre outros.
A planificação, o financiamento e o controlo das operações para destruir barcos e petroleiros norte-americanos nos estreitos de Ormuz e de Gibraltar, e contra o porto de Singapura, também chegou a estar entre os seus planos, bem como um projecto para destruir o canal do Panamá." (Público)


Lido isto, impôe-se a seguinte pergunta: o que lhe fizeram durante 1 ano inteiro para vir agora confessar?
Dá-me que pensar, pois o Patriot Act permite que prisioneiros de guerra sejam submetidos a tortura de forma a confessarem os crimes de que são acusados.
Aliás, dado o rol de atentados (ou tentativas) de que confessou ser autor, se calhar mais um ano e até confessava que tinha sido ele a impulsionar o 25 de Abril em Portugal e a organizar a Revolução Russa...
Os EUA nesta matéria (Guantanamo e a luta contra o terrorismo) são suspeitos. Até pode ser que ele seja mesmo culpado e, neste caso, não me sinto mal se for condenado à pena de morte, mas a verdade é que, dados os antecedentes, os norte-americanos não têm credibilidade nem legitimidade moral.

2 comentários:

Ricardo Sardo disse...

Recordo que, nestes casos, os suspeitos não têm direito a advogado, mas apenas a um "representante pessoal" que, no caso concreto era um oficial do Exército que o acusava (o equivalente a um Procurador do MP representar um Arguido)...
Mais, também não têm direito a apresentar testemunhas. Ou seja, se um suspeito estiver inocente e tiver testemunhas que provam que ele, por exemplo, não esteve no local do crime, não são ouvidas...

Será mesmo que Bush conhece a Lei Internacional, como por exemplo a Convenção de Viena e a Convenção dos Direitos Humanos?...

Ricardo Sardo disse...

Entretanto, li no International Herald Tribune que o próprio Khalid já se tinha queixado que a CIA o tinha torturado (o que foi negado pela agência) e que Kenneth Roth, Director Executivo da Human Rights Watch questionou a legalidade da prova obtida, pondo em causa se esta não terá sido obtida sob tortura.
Pelos vistos não sou o único a estranhar esta confissão...