sexta-feira, 25 de maio de 2007

ADN e testes de paternidade

"Os testes de ADN costumam ser fiáveis para esclarecer dúvidas sobre a paternidade, mas um tribunal do Missouri está a julgar um caso em que a solução não está no laboratório.
O problema começou quando Raymon Miller recebeu uma intimação do tribunal para pagar a pensão de alimentos de uma filha de três anos. Raymon garante não ser ele o pai, mas não o consegue provar. Holly Marie Adams, mãe da menina, garante que é ele o progenitor, e foi o que declarou quando a filha nasceu.
Mas a história é mais complicada.
Começa num rodeio em Sikeston. Conta o juiz Fred Copeland que Holly Marie "estava com as amigas e se embebedou. Foi depois bater à porta de Raymon porque queria ter relações sexuais com ele. O homem diz que o fez muito relutantemente e terá sido nessa altura que o bebé foi concebido.
Cameron Parker, a advogada de Raymon, diz que o juiz não pode afirmar isso com toda a certeza. E lembra que perguntou a Holly Marie se "dormiu com Richard Miller quando esteve em Sikeston para o rodeio" e ela respondeu que sim. Richard é o irmão gémeo de Raymon e terá ido para a cama com ela à tarde e Raymon à noite.
Quando Raymon se recusou a pagar a pensão de alimentos e pôs o caso em tribunal, exigiu que fossem feitos testes de ADN a ele e a Richard. Quando os resultados chegaram, ficou estabelecido que qualquer deles tinha uma probabilidade de 99,9% de ser o pai da menina - os testes são praticamente iguais.
No Missouri, para que um homem seja reconhecido como pai, o teste de ADN tem de dar 98% de certeza. Raymon disse aos jornalistas: "Os médicos dizem que tenho de provar com 98% de certeza que sou o pai da criança. Mas dado que o meu irmão tem 99,9% de possibilidades e eu tenho 99,9% de possibilidades, parece-me que só tenho metade da responsabilidade. E se fosse um caso de violação ou de assassínio com gémeos? Também podiam andar toda a vida a apontar o dedo um ao outro."
Mas não é. E, para já, o juiz Copeland decidiu que Raymon é o pai da criança. É ele que está registado como tal na certidão de nascimento e, enquanto não houver provas em contrário, é assim que fica.
Os advogados do alegado progenitor já recorreram da decisão. Quanto à pensão de alimentos, Bob Gaensslen, médico forense dos laboratórios Orchid Cellmark, no Texas, que fez os testes de ADN aos Miller, diz que "o melhor é dividirem. Gozaram os dois, portanto têm de ser os dois a pagar"."

(Diário de Notícias)

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