terça-feira, 2 de junho de 2009

Da bastonada final ao inferno da advocacia

Ontem, no Prós & Contras, discutiu-se a vida interna da Ordem dos Advogados e a guerra aberta entre os vários órgãos.
Já houve quem comentasse o debate, escrevendo palavras acertadas. Já houve quem, não sendo jurista sequer, se tivesse pronunciado sobre a acessa troca de argumentos. Aqui ou aqui, podemos perceber o porquê de sermos mal vistos pela sociedade em geral. As generalizações são injustas para a larga maioria, advogados honestos, sérios, competentes e dignos da profissão que exercem. Mas são feitas, pois os péssimos exemplos que ontem foram dados a conhecer ao país em nada contribuem para a imagem positiva da advocacia e todos os que estiveram ontem no debate, sem excepção, têm uma quota parte na responsabilidade pela má imagem dos advogados. Ou pela postura e comportamento adoptado, ou pelas palavras escolhidas, ou pelo simples facto de terem aceite discutir a actual situação da Ordem na praça publica e em directo para o país ver o pior que temos na nossa casa.

Ontem não se discutiram os problemas da justiça. Aí, seria acertado o debate público, para os portugueses entenderem o que vai bem e mal na nossa Justiça. Mas, tratando-se da vida interna da OA, quem os via e ouvia em casa certamente nada percebeu.
Ontem, a imagem da advocacia portuguesa voltou às ruas da amargura, o respeito por nós diminuíu, o reconhecimento pelo nosso trabalho foi seriamente afectado e todos nós seremos, uns mais e outros menos, prejudicados pela triste figura dos meus colegas de ontem. Todos iremos, infelizmente, 'apanhar por tabela'.
Uma última palavra para o anterior Bastonário, Rogério Alves. Foi o único que manteve a urbanidade e não entrou em quezílias. A única crítica que lhe faço é ter aceite debater em público estes temas. Bem sei que gosta de câmaras de televisão, mas ontem desperdiçou uma óptima oportunidade de se distanciar dos demais e de se manter fora desta guerra. Como alguns, que não aceitaram o convite para lá irem ontem.

Ontem foi um dia negro para a advocacia portuguesa. Melhores dias virão. Agora é altura, para nós, os honestos, sérios, competentes e dignos, comentar em blogues ou falar com todos os que toquem no assunto para defender a larga maioria, que ontem não se reviu nos representantes que compareceram. Para dizer que 'não, nós não somos assim', para dizer que o nosso trabalho é necessário e bom para a sociedade. Que fazemos falta à Democracia, que somos indispensáveis na Justiça, que ajudamos, todos os dias, as pessoas, o que nos dá, ao fim do dia, uma enorme alegria e sentimento de realização. É altura de lutar por nós próprios em vez de lutar pelos nosso clientes. É altura de lutar contra a injustiça que ontem nos foi feita. E não poderemos desistir. Nunca.


(Ver vídeo, parte 1)
(Ver vídeo, parte 2)

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