quarta-feira, 31 de março de 2010

Criminalização do "bullying"

Fala-se, agora, na criação do crime de bullying, por proposta da Procuradoria-Geral da República e com a concordância da Ministra da Educação. Mas o problema vai além dos actos em si, abrangendo a relação pais-filhos.
Há dias conversava com uma amiga, que é educadora de infância. Contou-me um incidente com uma criança de apenas 4 anos, em que esta reagiu mal a uma brincadeira (com todas as crianças) e deu uma bofetada à minha amiga. Chocada e surpreendida com a reacção da criança, teve de abandonar a sala. A responsável pelo centro educativo decidiu chamar os pais, para conversarem sobre o sucedido. O pai, confrontado com o comportamento do filho, reagiu com um sorriso e um comentário do género "que giro, sai ao pai"...
Já toda a gente percebeu que a principal razão dos problemas disciplinares das crianças (alunos) deve-se aos pais e à educação e formação que (não) dão aos filhos. O exemplo deve partir de cima, as regras e valores devem ser incutidos por quem é responsável - os pais. E os pais falham, cada vez mais, nesta matéria. Seja por desleixo, seja por desinteresse, seja por falta de tempo, a verdade é que não educam como devem os filhos, nem impõem limites nem regras.
Como já aqui escrevi, tenho dúvidas sobre a forma de responsabilizar os pais pelos actos dos filhos, mas a verdade é que, de uma forma ou de outra, terão de assumir pelo menos parte da responsabilidade.

2 comentários:

victor rosa de freitas disse...

Diz o meu amigo:

"O exemplo deve partir de cima, as regras e valores devem ser incutidos por quem é responsável - os pais. E os pais falham, cada vez mais, nesta matéria. Seja por desleixo, seja por desinteresse, seja por falta de tempo, a verdade é que não educam como devem os filhos, nem impõem limites nem regras."

Que limites, regras e valores?

Com os políticos é o que se vê! A "democracia" não permite "regras" nem "valores" pois cada opinião ou "achismo" sobre eles é igual a qualquer outro.

Deveriam ser os valores e regras consagrados na lei...

Mas, "ó tempora ó mores", coitado do Direito e da "justiça" em que os valores parecem ter desaparecido, quer no fundamentalismo contra os pilha-galinhas, quer na impunidade dos "poderosos"...

O problema, a meu ver, está apenas na Justiça que não funciona, bem como na Educação que não passa de transmissão de "informação", já que a "democracia" não permite qualquer imposição de limites, regras e valores, a não ser os consagrados na lei que a "justiça" trai cada vez mais!

Ricardo Sardo disse...

O problema é geral, sem dúvida. Em todo o lado vemos maus exemplos de cidadania, de ética, de civismo, enfim... Reconheço que não será nada fácil criar mecanismos que obriguem os pais a educar devidamenge os filhos. Quando falo em valores e regras, refiro-me aos valores que devemos transmitir aos nossos filhos, como respeito pelas pessoas, pelas regras legais, evitar comportamentos que transmitam má imagem, etc. E isso não é dado. O exemplo que dei é, aliás, paradigmático. A violência, que deveria ser de imediato censurada pelso pais até chega a ser ironizada. Depois admiram-se de os filhos virarem criminosos...
Abraço.