É engraçado, senão irónico, que venham agora os grandes críticos das demoras da Justiça defender a prorrogação dos prazos para o Inquérito no processo Freeport. Ou seja, criticam que os processos levem anos, mas agora vêm defender a continuação de um processo (note-se, ainda em fase de inquérito e nem sequer chegou ainda julgamento) que já leva seis! Falta de coerência? Nada disso. Apenas querem descobrir a verdade, nem que que levemos vinte anos para lá chegar.
Entretanto, parece que os dois procuradores titulares do processo não tiveram tempo para interrogar Sócrates. Chato. Seis anos não chegaram. O processo esteve parado um ano no Montijo, mas não houve tempo. Depois veio para o DCIAP e nestes anos não houve tempo. Então o que andaram a fazer nestes anos todos? Andaram a banhos?
Claro que tudo isto serve perfeitamente para manter as suspeições no ar, pois o objectivo é esse, frustrada a condenação judicial do demo. Esta desculpa da falta de tempo e a inabilidade de fazer o trabalho correctamente permite, assim, este tipo de opiniões, feitas à medida. Ou, parafraseando o "grande", à medida dos clientes. Dos clientes ou dos patrões, ou dos amigos...
Como escrevi aqui ontem, o Pedro Correia, no Delito de Opinião, e o Rogério da Costa Pereira, no Jugular, chegou a altura de questionar o papel do MP no nosso sistema judicial. Este processo nasceu torto porque não visava chegar à verdade mas queimar política e pessoalmente um adversário político. Pessoas foram manipuladas e usadas para esse fim e é altura de assumir responsabilidades pelos erros cometidos. Porque assim, a Justiça portuguesa continuará a apodrecer.
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