Compreendo perfeitamente que muita gente proteste contra as anunciadas medidas de austeridade, nomeadamente o aumento dos impostos (através da redução da dedução de benefícios fiscais). Ver alguns boys, empregados em empresas públicas, a desbaratarem dinheiros provenientes dos impostos provoca um natural sentimento de revolta e ultraje. Eu também me sinto ultrajado por esta gente, que não têm qualquer ética ou pudor, nem sentido de responsabilidade ou de civismo. Mas, se formos a fazer contas, cortar com o despesismo desta gente não evita o aumento da receita do Estado, seja através de aumentos (directos) dos impostos, da redução dos benefícios fiscais, ou cortes (ou congelamentos) salariais. O dinheiro que gastam, apesar de tudo, não chega para reduzir o défice. Boa parte dos custos do Estado - que provocaram o agravamento das contas públicas - referem-se a despesas previstas para combater a crise e, acima de tudo, evitar danos maiores. Os apoios concedidos, a título provisório, fariam sempre aumentar o défice, pelo que, enquanto não forem cortados ou retirados, a balança continuará negativa. Claro que, melhorando a economia europeia e norte-americana, a recuperação por cá far-se-á sentir, se bem que dentro dos crónicos valores. Poder-se-á, então, cortar e exitnguir os apoios entretanto criados. O défice voltará a níveis aceitáveis, assim se espera. A dificuldade é, como se facilmente se percebe, descobrir uma forma de reduzir o défice e evitar o aumento da dívida pública, sem cortar (na larga maioria) nos apoios sociais que foram criados e que, defendo eu, devem subsistir nos próximos meses até se sentir uma efectiva retoma (sobretudo uma redução do desemprego) e deixarão de ser necessários.
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