sábado, 2 de abril de 2011

Imprensa azulada

O Benfica decidiu, por motivos de segurança e entre outras medidas (suspensão de novas inscrições de sócios, por exemplo), impedir a entrada de estandartes e bandeiras alusivas ao FC Porto. Então não é que que caíu o Carmo e a Trindade? Imagine-se só que o clube da Invicta, que há anos adopta esta medida quando é visitado pelo Benfica (tal como não dizer o nome Benfica, mas antes anunciá-lo como "Visitante"), veio criticar a decisão? Então não é que quase todos os órgãos de comunicação social, que durante anos nem piaram com esta decisão do Porto, vem agora todos os dias falar na decisão do Benfica? Então não é que os media que se calaram perante as criminosas agressões a elementos do Benfica, desde jogadores a dirigentes, vêm agora falar numa decisão perfeitamente legal e legítima e que, no fundo, acaba por ser idêntica às decisões do Porto nos últimos anos? Então não é que os media entendem, vergonhosa e parcialmente, que o Porto pode fazer mas o Benfica já não? Como aqui ou aqui referido, a comunicação social (com letra minúscula, pois não se dá ao respeito) prefere claramente um clube, defende-o em peças jornalísticas (algumas encomendadas, como as escutas o demonstraram) claramente tendenciosas e parciais, toma partido, em clara violação dos deveres deontológicos (e editoriais e estatutários). E esta comunicação social merece as poucas vendas de jornais.

2 comentários:

Luís de Aguiar Fernandes disse...

Há uma grande diferença, enquanto jurista devia saber isso. As claques do Benfica não estão legalizadas pelo que o impedimento do Porto é justificado. Já as do Porto estão legalizadas, pelo que deviam poder entrar com bandeiras.

(atenção que sou do Sporting, não tenho interesse em defender aquelas bestas do norte. Só que lei é lei)

Ricardo Sardo disse...

Luis, existe uma grande diferença, de facto. O Porto há anos que não deixa os adeptos entrarem no Dragão com nada (nem um simples cachecol), enquanto o Benfica só agora impede. E sabe porque impede? Por causa das bolas de golfe que vão escondidas nas tarjas e bandeiras e noutros materiais das claques. E não foi esta a única medida do Benfica para garantir a segurança do jogo. Por acaso não sabe que o clube também suspendeu as inscrições de novos sócios, até segunda-feira, porque tinha a informação de que portistas estavam a inscrever-se, para poderem comprar bilhete para todas as zonas do estádio e, daí, lançar bolas de golfe, dando a entender que seriam os benfiquistas a atirar, para o estádio da Luz ficar interdito (nos outros, como no Dragão ou em Braga, podem atirar que nada lhesa acontece)?...
Mas já que fala de leis, existe um diploma do ano passado que nada diz sobre esta medida adoptada pelo Benfica (ou pelo Porto). E foi isso que a PSP referiu, ao dizer que a decisão é legal. Ouviu o comunicado? E, neste ponto, tanto faz se as claques estão legalizadas ou não. Aliás, o que está em causa é a claque do Porto, pelo que não faz sentido o seu argumento em torno da sua legalização/não legalização.
Por fim, também acho que não é correcto tomar uma medida destas, salvo em casos excepcionais, como é este, como em cima expliquei. Trata-se, pois, de uma enorme falta de vergonha os portistas, como o treinador, virem falar em atentados ao futebol, quando são eles que têm lançado os incêndios no desporto nacional. Virgens ofendidas!
Cumprimentos.