Nunca escondi a minha preferência pelo futebol atractivo do Barcelona de Guardiola. Quem gosta de futebol, do verdadeiro futebol como arte e espectáculo, tem de gostar, necessariamente, deste Barcelona. E, como tal, não escondo que fiquei contente com o resultado de há pouco, em que o Barça de Guardiola venceu em Madrid, dando um passo de gigante para a final, onde deverá encontrar o Manchester United, reeditando a final de há dois anos...
Mas mais do que a magia de Messi e aquele extraordinário segundo golo, hoje gostei particularmente do resultado: uma derrota do Real Madrid. Já aqui escrevi que considero Mourinho o melhor treinador do Mundo, apesar de, ao contrário de Guardiola, procurar o resultado em vez do espectáculo e do futebol bonito. Mas não gosto do seu estilo de futebol. Mourinho privilegia um futebol em busca do golo mas frente a este Barcelona procura, apenas, evitar que o Barça jogue, utilizando todos os meios - lícitos e ilícitos - para o efeito. E sejamos sinceros. O que vimos hoje do lado do Real não foi futebol, mas violência. A quantidade exagerada de faltas, a extrema agressividade e o abuso do anti-jogo foram uma constante, mesmo jogando no seu estádio com o apoio do seu público. Pepe foi expulso, mas não se compreende como é que Lassada Diarra - que fez sete (!!!) faltas (numa delas, Villa seguiria isolada para a baliza) - terminou o jogo sem um único amarelo, ou Adebayor viu apenas amarelo no lance com Busquets. Ou como Marcelo escapou impune após ter pisado intencionalmente (há uma imagem que mostra o seu sorriso logo a seguir ao lance) Pedro. Do primeiro ao último minuto, os jogadores do Real provocaram, simularam faltas (Di María, por exemplo), usaram todos os meios para impedir que o Barça jogasse, incluindo pressionar as arbitragens. Hoje, um jogador foi expulso, mas mais três poderiam (deveriam) ter seguido o mesmo caminho dos balneários.
Com a habitual arrogância, Mourinho já culpou o resultado com a arbitragem, branqueando os lances que em cima referi. E, com o habitual provincianismo bacoco, alguma imprensa portuguesa faz eco dessas hilariantes queixas de Mourinho. Isto é, no mínimo, vergonhoso. Basta, por exemplo, dar uma vista de olhos rápida na imprensa internacional para percebermos que a arbitragem não favoreceu o Real (bem pelo contrário, como em cima mostrei). Mas como já estou habituado a esta miséria jornalística...
Resumindo, hoje o futebol venceu a violência. A arte ganhou ao cinismo. O espectáculo levou de vencida o anti-jogo. Hoje, o futebol está de parabéns.
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