terça-feira, 12 de abril de 2011

Revolta na Bounty

Depois de Passos Coelho ter sido apanhado a mentir, as hostes laranjas já começam a mostrar sinais de revolta. Uns já escrevem cartas abertas a apelar a um mínimo de competência, outros já deixaram o verniz estalar e já expulsaram cá para fora o que lhes vai na alma. Mas, ao contrário da minha revolta, que é pelo facto de não termos ninguém competente (e disponível) para nos tirar da miséria, as hostes laranjas, revoltam-se porque vêm o pote mais longe. Olham para o partido como olham para um clube de futebol. "Puxam" sempre por aqueles, mesmo que joguem mal. E ficam tristes por perder.

3 comentários:

Rui Rocha disse...

Boa noite, Ricardo. Agradeço-lhe a publicidade. Gostaria, entretanto, de lhe explicar uma coisa que parece ter alguma dificuldade em compreender. Sou uma pessoa independente, com uma vida profissional intensa e completamente alheio a qualquer actividade política. Limito-me a escrever, com total independência, repito, o que me dá na real gana. Pelo que vejo, o Ricardo não concebe um mundo sem pote, imputando sempre aos outros intenções de que só o Ricardo se considera isento. Gostaria por isso que não continuasse a colocar etiquetas a terceiros que não admite para si. Saiba que tanto me dá como deu que ganhe Passos Coelho como o Coelho da Páscoa, salvo na medida em que considerar que essa é a melhor solução para o meu país e para os meus filhos. O meu pote, ganho-o todos os dias com trabalho de manhã à noite, chatices, arrelias, injustiças e incompreensões. O pote dos outros, eles que o construam com mérito e trabalho tal como eu procuro fazer.Tal como uma vez me disse, aliás a despropósito, respeite para ser respeitado.

Ricardo Sardo disse...

Bom dia Rui.
Desde que foi criado que leio diariamente o DO e considero, desde então, um dos melhores, senão o melhor blogue português. Nem sempre concordo com as opiniões ali expressas (como, por exemplo, o Pedro Correia bem sabe), mas aprecio, em primeiro lugar, a liberdade de opinião e a abrangência dos temas abordados, muitos deles omitidos do debate nacional e das tv's e jornais. Mas sei que alguns dos autores têm preferências partidárias bem definidas. Eu não tenho preferência partidária (nunca votei no mesmo partido) mas tenho uma clara ideologia política, que já expliquei há algum tempo (ainda antes de conhecer o Rui no DO). Por isso já votei em dois partidos, que são os partidos mais próximos da minha ideologia. E voto naquele que, em determinado momento, me dê mais garantias ou, no cenário português, aquele que parece menos mau no momento de votar...
Posto isto, resta-me pedir-lhe desculpas por ter assumido, pelos vistos erradamente, que o Rui tinha uma clara preferência partidária. Fui induzido, por um lado, pelos seus posts (sempre no mesmo sentido, a malhar em Sócrates, o que, sendo legítimo e concordando com quase todos eles, deu-me essa impressão) e, por outro, por um seu comentário em que me dizia que, estando farto de Sócrates, queria dar uma oportunidade a Passos Coelho, apesar de tudo. Deduzi, pois, que se reconhecia no PSD. Tanto que os meus comentários no DO e os meus posts aqui vão todos no mesmo sentido: já percebi que Passos Coelho será a continuação de Sócrates, pelas más razões. E não compreendo como muitos parecem dispostos a votar nele, deixando tudo na mesma (ou quase na mesma), quando estamos quase todos fartos destes políticos incompetentes e destes sucessivos desgovernos, que apenas querem chegar ao pote, como têm chegado, seja PS ou PSD (e CDS). E há muito que defendo, sem mudar de regime político, uma varridela geral, correndo com esta gente toda.
Espero que o Rui, para além de aceitar as minhas desculpas, compreenda a minha posição. Ou melhor, o meu desespero...
Abraço.

Rui Rocha disse...

Compreendo e partilho o seu desespero, Ricardo. Acredite que não me move nenhum interesse partidário. Tenho uma vida profissional e familiar e fico-me por aí. Não faço parte de qualquer estrutura partidária, nem posso fazer, até por motivos profissionais. A minha intervenção política e cívica fica-se pelo DO. Por exemplo, na primeira eleição de Sócrates,jamais votaria em Pedro Santana Lopes. Abstive-me, mas ponderei seriamente e até ao último dia votar em Sócrates.E avalio até o início da governação de Sócrates como muito prometedor.Lembro-me de ter participado numa Antena Aberta para apoiar alguma das suas medidas. Infelizmente,ficou-se por aí. Neste momento, sou um náufrago eleitoral. E se alguma vez me vir "agarrar" Passos Coelho (repare que nunca escrevi qualquer post de apoio incondicional), não é pela qualidade da madeira, mas porque estou "desesperado por ser salvo". Aliás, confesso-lhe uma coisa: quanto mais me vir bater em Sócrates, mais poderá ter a certeza da minha frustração pela falta de alternativas.Tal como o Ricardo, o que eu gostaria era de escrever palavras de elogio a alguém que representasse uma varridela. Tenho dois filhos e estou convencido, face ao cenário actual, de que seria mais inteligente se pegasse neles e fosse para o estrangeiro lavar pratos, ainda que tenha actualmente uma vida profissional que me permite algum conforto. Espero continuar a vê-lo pelo DO. Eu virei certamente por aqui.Um abraço.