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Tal como eu, muitos advogados pensam seriamente em abandonar as oficiosas, o que irá reduzir drasticamente o número de advogados disponíveis para representar em Tribunal os mais desfavorecidos. Em 2011 o Estado ainda não pagou um único cêntimo e já vão 30 milhões em dívida. Ou seja, para irmos a Tribunal temos que pagar do nosso bolso as despesas e andamos a trabalhar de borla. E ainda somos todos (repito, todos) apelidados de chulos porque uma minoria (0,008%) abusou da falta de fiscalização por parte das autoridades competentes, que deveriam, por exemplo, confirmar quantas sessões de julgamento efectivamente houve e se o número declarado pelo advogado coincide com esse número.
Já escrevi (aqui, aqui e aqui) que considero este comportamento, reiterado e inaceitável, do Estado (e em particular do Instituto de Gestão Financeira da Justiça) uma burla. Há anos que anda a enganar os advogados e continua impune (por exemplo, não paga juros pela mora nos pagamentos). Muitos, a manter-se este estado de coisas, irão desistir, porque por muita boa vontade que tenham em ajudar os mais desfavorecidos, não estão, em altura de crise, para pagar do próprio bolso e continuar a ser chulados pelo Estado, que actua de má fé. E, desta forma, estará preparado o terreno para se criar a figura do defensor oficioso, que tem cada vez mais adeptos, quase todos nas magistraturas e nos órgãos de polícia criminal (porque será?) e desprezam, como sempre desprezaram, a figura e o papel do advogado na Justiça e na Democracia. E se isto acontecer, quando acontecer, iremos testemunhar mais um enorme retrocesso na nossa já frágil Democracia e no nosso pobre sistema de Justiça. E não contem comigo para colaborar num sistema podre e obsoleto. Assim não.
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