quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A ler... ainda sobre o aborto

A ler o texto de Joana Amaral Dias no "5 dias", "o sexo dos anjos", sobre a IVG:
http://5dias.net/2007/01/17/o-sexo-dos-anjos/

4 comentários:

Ricardo Sardo disse...

Mário Bettencourt Resendes no DN:

"Como era previsível, o debate público sobre o referendo de 11 de Fevereiro entrou já numa fase em que a multiplicação do ruído muitas vezes distorce ou relega para segundo plano a matéria de substância que está, de facto, em causa.

Desde logo, não se entende a relutância, ou mesmo oposição ao referendo, manifestada por alguns partidários do "sim". É uma questão de ética democrática e, neste caso, não faria sentido deixar por cumprir a promessa de realizar nova consulta popular antes de qualquer eventual alteração legislativa. Para "vitórias na secretaria" já basta o que acontece noutros domínios da vida portuguesa.

Em segundo lugar, não é de mais repetir que não se vai votar contra ou a favor da interrupção voluntária da gravidez, mas sim referendar a possibilidade de despenalização do aborto efectuado nas primeiras dez semanas da gestação. Ora, o que se tem ouvido e visto, com frequência indesejável, é um conjunto de declarações demagógicas ou insensatas, desviando as atenções da questão central e procurando influenciar os cidadãos com base em argumentos laterais.

Não se percebe, por exemplo, como adeptos do "não", que deveriam ser exemplares na prioridade às convicções, se alargam na "monetarização" do problema, quase como se estivesse em causa "apenas" mais uma componente do défice do Orçamento do Estado. E também não se entende a imprudência de algumas palavras do ministro Correia de Campos, que corre o risco de deixar muita da sua obra positiva encoberta por uma tendência, aparentemente irreprimível, para o excesso verbal.

A pouco mais de três semanas da votação, exige-se aos protagonistas de primeira linha, dos dois lados das convicções em confronto, o respeito pelas consciências e um discurso público compatível com a importância do tema. Dos cidadãos eleitores espera-se que decidam "pela sua cabeça", independentemente de simpatias - ou antipatias... - pessoais e políticas pelos rostos da campanha em curso."

Ricardo Sardo disse...

Paulo Portas para a revista "Tempo", em 4 de Março de 1982:

"(...)o tom ‘Cro-Magnon’ com que a questão do aborto tem sido tratada entre nós. (…) a AD não tem a menor autonomia de discurso, já se não pede de voto, nem de vontade, em relação à Igreja, e limita-se a repetir o que esta diz,a presenciar o que esta proclama. Os socialistas dividem-se entre a sua história e a história que a Igreja quer que eles façam.
Só por referência lembre-se, por exemplo, que em França foi uma liberal, assumida como tal, da maioria giscardiana, a senhora Simone Weil quem, contra os mais conservadores e os mais ortodoxos, impôs a lei do aborto. Lá, os socialistas não tiveram dúvidas. Giscard, líder da maioria, não interferiu. Quer isto dizer, uma vez mais, que somos subdesenvolvidos; e que, no caso, andamos atrasados, à direita e à esquerda. A menos que se rejeite a Europa moral e apenas se queira a Europa económica…”.
Paulo Portas, “Civis, Laicos e Europeus”, in Tempo, 4 de Março de 1982."

in http://5dias.net/2007/01/19/maquina-do-tempo/

Ricardo Sardo disse...

Nuno Ramos de Almeida, no 5 dias:

"Apetece-me pouco escrever sobre a campanha do referendo. Parece-me uma escolha clara. Olho para o mundo e vejo que na Espanha, França, Suécia, Noruega, Alemanha, Dinamarca, Bélgica, Estados Unidos, Canadá e muitos mais países o aborto está legalizado. Olhando para mais longe, podemos ver que no Afeganistão o aborto é proibido e também costumam lapidar as mulheres. Para mim, a escolha está feita: não pretendo seguir o Afeganistão."

Ricardo Sardo disse...

"Os argumentos de carácter médico, jurídico, sociológico e até histórico do “sim" e do "não" pela despenalização do aborto estão defendidos no livro "O Aborto e a IVG: O Sim e o Não", lançado hoje em Lisboa."

in Público (http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1282989&idCanal=21)