
Tal como na greve de 2006, na altura por causa da redução das férias judiciais, considero inadequada a greve por parte de um órgão de soberania. Os Tribunais, tal com o Governo, o Parlamento ou o Presidente da República, não deverão parar a sua actividade, sob pena de as consequências serem extremamente nefastas. Imagine-se o que seria se o Parlamento deixasse de legislar, se o governo deixasse de governar, se o presidente deixasse de aprovar diplomas. É inconcebível, portanto, que os tribunais deixem de condenar criminosos, deixando-os em liberdade, deixem de atribuir direitos às pessoas, deixem de conceder indemnizações a quem delas necessite, etc, etc.
O sindicato dos magistrados judiciais, com esta medida, está a banalizar a actividade dos próprios juízes e a prejudicar a sua imagem na sociedade portuguesa. O sindicato, que nada disse sobre este caso em que se provou (pelos próprios colegas) que juízes consentiam na prática de crimes e nem sequer emitiu uma declaração para tranquilizar a sociedade, vem agora mostrar-se preocupado com as condições dos tribunais. Claro que tem toda a razão nesta matéria, como já aqui salentei por diversas vezes, mas reagir apenas quando lhe convém é prestar um mau serviço à magistratura judicial e, sobretudo, à Justiça portuguesa que, com tudo isto, em nada sai dignificada.
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