"Quanto às pericpécias do futebol, nem os Juízes lhes escapam. Uma vez, foi um que acumulava a magistratura com a presidência da Comissão de Arbitragem do Futebol. Uma manchete, escarrapachada no jornal, denunciou que ligara a um árbitro, ameaçando-o desta forma: 'O presidente do FCP está muito zangado! Você devia ter fechado os olhos e validado o golo... Assim, só se prejudicou.' O Juíz primeiro apareceu na televisão a desmentir vigorasamente a notícia. Porém, no dia seguinte, ao ser confrontado com uma testemunha ocular, deu o dito por não dito, O confronto, em directo na televisão, foi assim:
- Testemunha: 'Eu vinha em viagem com o árbitro e o senhor ligou-lhe.'
- Juíz / Presidente Comissão Arbitragem: 'De facto, essa chamada existiu... agora é que fiz um esforço de memória... E a razão do telefonema foi desejar ao árbitro que tivesse êxito na arbitragem desse jogo...'
- Testemunha: 'O senhor não estava nada a desejar felecidades, porque esse telefonema foi feito no fim do jogo!'
Soube-se, mais tarde, que esta não fora a única trapalhada onde se havia metido. Meses antes, requisitara uma brigada da Polícia Judiciária para vigiar o almoço do presidente de um clube com um árbitro. Desta vez, não tinha safa. O Conselho Superior da Magistratura teve de abrir um processo disciplinar - o Juíz foi suspenso durante trinta dias."
Mais uma vez, não sei se o pior foram os factos propriamente ditos ou a passividade dos órgãos disciplinares competentes, que fecharam os olhos até não ser mais possível assobiar para o lado. E casos destes há alguns...
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