sábado, 30 de outubro de 2010

Sim, haverá Orçamento

Na quarta-feira perguntei se haveria Orçamento para 2011. Ontem tivemos a resposta esperada - inevitável, aliás - e alguns episódios *a boa maneira tuga, como Eduardo Catroga a mostrar uma foto no telemóvel, que tirou durente a assinatura do acordo entre governo e PSD. Mas o que acho deveras extraordinário é o facto de o PSD, tão precoupado com as contas públicas, exigir (o que foi aceite pelo governo) que os cortes nos benefícios fiscais fossem diminutos. Ou seja, menos 500 milhões de euros na receita prevista, o défice previsto fica em causa e, consequentemente, as contas ficam em causa, como a situação económica, pois acabou-se a paciência de Bruxelas com um povo que nunca se soube governar. Como será, se isto falhar, o que é bem provável? De quem é a culpa? Do governo? Do PSD, que exigiu uma medida que coloca directamente em causa a recuperação finenceira do país? Como é? Vão assobiar para o lado, como sempre se fez em Portugal?
Paulo Gorjão tem toda a razão num ponto: as ideias apresentadas pela equipe negocial do PSD são sensatas. Mas irreais e irresponsáveis, pois exige uma medida genérica boa (manter as deduções fiscais), mas não a concretiza, o que é mais difícil. Não apresentou uma única medida concreta para compensar os 500 milhões de euros e, mais grave, não mostrou saber como fazê-lo, senão através da desorçamentação, uma marosca orçamental manhosa pela qual os governos do PSD sempre mostraram adoração. Todos os dias ouvimos, aliás, os são sebastiões da nossa sociedade, todos se apresentam com ideias, soluções, mas nenhum sabe concretizar as ideias genéricas e meramente teóricas, que são atiradas para os jornalistas, quais soundbites.
Foi por causa disto que questionei se estaríamos melhor se fosse o PSD a governar e se ficaremos melhor se o partido vencer as próximas eleições. Estou convicto que não seria diferente, pois as principais causas da situação são externas. Não é pela cor política, pelo partido em causa, nem pelo seu líder, porque entre Sócrates e Passos Coelho, acabo, apesar de tudo, por preferir o segundo. Mas trocar Teixeira dos Santos, tão injustamente atacado nos últimos tempos, por alguém que não mostrou ter capacidade de fazer melhor que o actual detentor da pasta - porque ainda não vi ninguém melhor! - é que não.

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