À margem das polémicas declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados, a sessão de abertura do ano judicial permitiu a apresentação de algumas propostas para uma melhor Justiça: Cavaco Silva pediu que se legisle melhor, defendendo que os Magistrados (e todos nós, acrescento eu) precisam de "leis de qualidade, redigidas numa linguagem precisa e segura, dotadas de soluções normativas harmónicas e consistentes"; Noronha do Nascimento defendeu o fim do sigilo bancário e também do sigilo fiscal, alegando que estes "privilégios de grupo" impedem uma investigação fiável.Quanto ao apelo do Presidente da República, não poderia estar mais de acordo. Já aqui tinha criticado a incapidade (ou inabilidade) do actual legislador em formular normas claras e com uma linguagem que não dê azo a dúvidas e volto a criticar: o nosso legislador deixa muito a desejar em matéria de técnica jurídica e mesmo na gramática, com, inclusive, erros básicos, o que é inadmissível, já que uma melhor Justiça passa necessariamente também pela elaboração de leis claras e objectivas.
Quanto à proposta do Presidente do Supremo, também penso que o fim do sigili bancário e fiscal iria ajudar nas investigações, mas também não poderemos descurar os direitos dos cidadãos (titulares de contas e contribuintes, neste caso), que são a razão da existência destes dois regimes de sigilo. O puro e simples fim destes dois regimes serão, a meu ver, excessivos e abusivos.
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