Como a memória é curta, os israelitas voltaram a eleger Nathanyau como Primeiro-Ministro e pouco tempo bastou para recordar da sua posição em relação à Palestina e ao conflito israelo-palesteniano. Assumindo uma posição radical e extremista, voltou a apostar nos colonatos, a principal fonte dos problemas e razão do conflito. Como o Rui Herbon explica, esta é a questão fulcral.
Há muitos anos que percebo que ambos são culpados neste conflito. Não há inocentes, apenas culpados. E, tal como eu, toda a gente percebe isto. Mas há um ligeiramente mais culpado do que o outro. E creio profundamente que a solução do problema terá de passar pelo fim dos colonatos e pelo recuo, a longo prazo, dos que já estão construídos.
Porque esta questão é também jurídica, convém referir que o direito internacional (através, por exemplo, de várias resoluções da ONU) proíbe os colonatos, mas estes continuam a expandir-se e a crescer. Mas esta violação constante do direito parece não incomodar muita gente...
Há algum tempo li algures um texto deste género: imaginem que a Espanha começava a construir colonatos (bairros, urbanizações) nas nossas cidades. Começavam pelas mais perto de Espanha, até chegarem, por exemplo, ao Porto e a Lisboa. Imaginem que não tinhamos polícia ou forças militares suficientes para impedir a construçao de tais colonatos. E as poucas que tínhamos eram impedidas de fazer cumprir a Lei por forças militares espanholas, que alegavam a defesa de cidadãos espanhóis para atacarem militarmente as nossas frágeis forças policiais. Imaginem que os tais colonatos, os bairros, eram construídos em locais estratégicos, perto de rios ou do mar, perto das matérias-primas e os espanhóis que vinham viver para esses novos bairros espanhóies em território português vinham de cidades espanholas do interior, sem recursos. Imaginem que a ONU aprovava resoluções que obrigavam a Espanha a retirar os colonatos de Portugal, mas tais decisões nunca seriam respeitadas e cumpridas. Imaginem que um país amigo da Espanha, poderoso, apoiava os colonatos e nada fazia para impedir a amiga Espanha de continuar a ofensiva e construir mais e mais colonatos. Imaginem que, várias décadas depois, mais de metade do território português estava ocupado pelos colonatos espanhóis.
Pois é...
Claro que nunca defenderia e muito menos seria capaz de ir a Espanha rebentar bombas em autocarros ou em zonas populosas, como forma de vingança, mas certamente haveria muita gente disposta a isso. E, muito provavelmente, alguns dos que, hoje, defendem a posição israelita.
Como disse, não há inocentes nesta guerra e não assumo nenhuma posição, pois ambos estão errados e defendem o indefensável. Mas não sou parvo e desde novo que percebo a razão do problema.
2 comentários:
Entendo a cautela da sua posição, mas não há argumentos que resistam à análise do antes e do depois. A história daquele conflito quase pode ser resumida em mapas, basta olhar para eles, Ricardo:
http://rendarroios.blogspot.com/2009/01/antecedentes-do-conflito.html
http://www.passia.org/palestine_facts/MAPS/0_pal_facts_MAPS.htm
Saudações.
Recordo-me de ver esses mapas. A minha posição não guarda nenhuma cautela. Simplesmente não considero Israel como unico responsável do conflito. Mas aproveito para subscrever este post do Juiz Conselheiro Eduardo Maia Costa: http://blogsinedie.blogspot.com/2010/06/podera-israel-mudar.html
Abraço.
Enviar um comentário