sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Verdades inconvenientes

Há muito tempo que a Palmira Silva aponta contradições, incoerências e radicalismos exarcebados dos representantes e dos membros da Igreja Católica ou nas posições do Vaticano.
Também já aqui teci alguns comentários, mas, na altura em que o Papa visita o Reino Unido onde disse coisas totalmente absurdas, não posso deixar de questionar algumas das posições da IC:

1. Supostamente segundo a Bíblia, todos os homens são iguais perante Deus. Todos? Quer dizer... Todos, todos, não. Os homossexuais não são iguais, não merecem ir para o Céu e merecem, até (!!!) a morte. Então mas isto não é contraditório? Claro que não, a Bíblia é perfeita.

2. Ainda em torno dos homossexuais... devem ser, segundo a IC, condenados à morte. Então mas o direito à vida não é um direito absoluto, inviolável? É. Mas não neste caso. Então mas os homossexuais não são seres humanos? São. Então não têm o mesmo direito à vida que todos os outros seres humanos? Não. Porque são iguais mas diferentes.

3. A IC fala em tolerância, respeito e que devemos olhar para o próximo como um irmão. A não ser que seja, claro, gay. Nesse caso nem primo em quinto grau é, quanto mais irmão... E tolerância? Sem dúvida, menos pelos ateus, que são filhos do demo. Mas não são seres iguais perante Deus? Não, são como os gays, são iguais mas diferentes. E o respeito pelos outros e pelas ideias contrárias? Sim, claro, menos pelos ateus, que são estúpidos e não percebem nada disto. São seres iguais mas inferiores.

4. O Papa falou no perigo do ateísmo. Sem dúvida que os ateus são um perigo. As maiores guerras mundiais nasceram quase todas por causa da Religião, mas os ateus é que são perigosos para a paz. As Cruzadas, as missões de evangelização (recordam-se do filme "A Missão" com Jeremy Irons e Robert DeNiro?) e os apoios da IC a vários conflitos contribuiam para milhões de mortes ao longo da História, mas os ateus é que são um perigo para o Mundo.

Depois admiram-se que haja cada vez mais gente a colocar em causa as doutrinas religiosas, sejam católicas ou de outras crenças. Ninguém é dono da verdade nem perfeito, nem está sempre certo. Mas a IC pensa que sim. Ah e já disse que continuam convictos de que o Universo gira à volta da Terra?...

3 comentários:

Graza disse...

Estou fora de religião desde os meus 14/15 anos, altura em que as primeiras leituras sobre o Cosmos me fizeram questionar tudo, depois do incómodo que era analisar o comportamento desta Igreja. Nunca como agora me senti tão “apontado”, o Islão faz de mim uma criatura perigosa por ter o diabo no corpo e agora a esta Igreja trata-me ao nível de um nai. Confesso-me perplexo e atordoado com o fanatismo que vai na cabeça deste Papa. Não respondo pelos ateus, mas posso dizer por mim, que é mais difícil ser ateu do que crente, posso dizer que o fio condutor de um ateu tende a ser mais puro do que o de um crente, porque um ateu nunca vai encontrar um confessor ou uma hóstia onde deixar as suas culpas. É uma luta pessoal nunca perder de vista a linha do Bem. Duvido que os religiosos da máfia que comungam todos os Domingos tenham os problemas de um ateu.

Há mais um bom texto aqui: http://ponteeuropa.blogspot.com/2010/09/o-papa-o-ateismo-e-o-nazismo.html .

Graza disse...

Ressalvo: "...e agora esta Igreja trata-me ao nivel de um nazi."

Ricardo Sardo disse...

Também foi por volta dessa idade que começei a quesitonar, a reflectir e a pensar a Religião. Tive uma educação religiosa, apesar de não ir à igreja todas as semanas (nunca me obrigaram), a minha família é católica praticante, mas sempre respeitaram a minha posição e a minha convicção, tal como sempre respeitei a posição dela. São muitas incoerências, contradições e paradoxos para se entender a religião como uma verdade absoluta e inquestionável. O Graza apontou mais algumas incoerências, a que acrescento mais esta, após as últimas declarações do Papa no Reino Unido (condenou o aborto e a eutanásia em nome do direito à vida): se a vida é um direito absoluto, como é que defendem a morte dos homossexuais? Não são tão gente quanto, por exemplo, os nascituros?
Enfim... Já não tenho paciência para tanto fanatismo, intolerância e tanta cegueira.
Abraço.